Passado um dia, ministério de Damares silencia sobre veto a absorventes
Pasta é responsável pelos direitos humanos no país; veto de Bolsonaro foi criticado até por deputadas da base
Trinta e quatro horas depois do veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à distribuição gratuita de absorvente menstrual, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) não se pronunciou sobre o episódio. O SBT News solicitou o posicionamento da pasta sobre a decisão do presidente -- publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 5ª feira (7.out) -- por meio da assessoria (telefone e e-mail), mas não houve resposta.
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Em nenhuma das redes sociais do ministério a decisão foi tema de post. Igualmente, as contas pessoais da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, não têm nenhuma menção sobre a definição do Executivo. A distribuição gratuita de absorventes tinha como alvo estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública de ensino; mulheres em situação de rua ou em situação de vulnerabilidade social extrema; mulheres apreendidas e presidiárias, recolhidas em unidades do sistema penal; e mulheres internadas em unidades para cumprimento de medida socioeducativa. O impacto também é sentido por homens trans e pessoas não binárias.
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A medida tem como objetivo combater a pobreza menstrual, identificada como a falta de acesso ou a falta de recursos que possibilitem a aquisição de produtos de higiene e outros itens necessários ao período menstrual. Além disso, a falta de informação é um outro fator que impacta na dignidade menstrual.
A bancada feminina do Congresso se articula para derrubar o veto do presidente. De acordo com a autora do projeto, deputada Marília Arraes (PT-PE), congressistas de diferentes alas ideológicas -- da oposição à direita -- querem mudar a decisão para garantir a medida social. "Estamos nos mobilizando no Congresso para que a gente possa derrubar o veto. Mulheres de todos os partidos. Não é uma pauta identitária", disse. "Tenho certeza que logo conseguiremos pautar esse veto e, sem dúvida, vamos derrubá-lo", completou.
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Celina Leão (PP-DF), líder da bancada feminina na Câmara, também saiu em defesa da derrubada do veto: "Se R$ 84 milhões é muito dinheiro para dar a mínima condição para meninas e mulheres, então o governo tem que repensar a forma de tratar as meninas e mulheres deste Brasil". O mesmo foi reforçado por Tabata Amaral (PSB-SP), deputada que também pediu que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), coloque a decisão de Bolsonaro em pauta o mais rápido possível. "É sobre a dignidade", afirmou.