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83% dos moradores de favelas do RJ ouviram tiros durante a pandemia

Desde junho de 2020, operações policiais devem ocorrer apenas em ocasiões excepcionais e devem ser comunicadas ao MP

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Moradores das favelas do Rio de Janeiro conviveram com desemprego, tiros, operações policiais e falta de acesso a serviços básicos de saúde durante a pandemia do novo coronavírus. Segundo a pesquisa Coronavírus nas favelas: a desigualdade e o racismo sem máscaras, realizada pelo coletivo Movimentos, 26% estão empregados com carteira assinada e 54% perderam o emprego durante o período.

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O levantamento ainda afirma que 37% desta população ficou totalmente sem água, enquanto 63% ficaram sem água em algum momento da pandemia.

O estudo -- que mostrou os impactos da covid-19 nas comunidades da Cidade de Deus, no Complexo do Alemão e no Complexo da Maré -- apontou também que 62% das pessoas residentes nestas comunidades solicitaram o auxílio emergencial, e 52% receberam.

Dentre os aspectos avaliados, no quesito violência, a pesquisa mostra que 83% ouviram tiros dentro de suas casas. Agravando o cenário revelado pelos resultados, 47% sofreram algum episódio de racismo ou discriminação; desses, 93% são negros; 69% presenciaram ou tomaram conhecimento de operações policiais na favela em que vivem; 73,8% sentem que houve aumento de casos de violência doméstica, com 40% tendo presenciado algum episódio.

Desde junho de 2020, as operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro devem ocorrer apenas em ocasiões excepcionais e devem ser comunicadas ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), em razão da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas, o que não impediu que seguissem ocorrendo. Na comunidade de Jacarezinho, por exemplo, em maio do ano passado, 28 pessoas foram mortas, sendo um policial.

De acordo com MPRJ, entre 14 de junho do ano passado e 20 de setembro desde ano, ocorreram 663 operações em favelas do estado, principalmente na Região Metropolitana e na Baixada Fluminense.

Coordenadora do coletivo Movimentos e moradora do Complexo do Alemão, na zona norte da cidade, MC Martina lembra que cotidianamente essa população sofre violação dos direitos humanos e tem seu direito de ir e vir cerceados: "Existe, já há muito tempo, um genocídio em curso contra a população favelada no Brasil. Mesmo o Supremo Tribunal Federal (STF) proibindo operações policiais em favela durante a pandemia, vimos o que aconteceu em Jacarezinho: um verdadeiro massacre ao povo preto e pobre".

Com informações da Agência Brasil

Veja reportagem do SBT Brasil:

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