Policial aposentado morreu implorando para que PMs parassem agressões
Sepultamento foi realizado na manhã desta 3ª feira (24.ago)
Lucas Abati
Foi enterrado em Torres, no litoral gaúcho, o corpo de Fábio Cezar Zortea, de 59 anos, morto ao tentar defender os filhos em uma abordagem da Polícia Militar. Novas imagens incluídas no inquérito mostram mais detalhes da confusão, que resultou na morte do policial aposentado.
No sepultamento, realizado no período da manhã, amigos e familiares compareceram para se despedir de Fábio. Na capela, cartazes lembravam a forma violenta como ele foi assassinado. No caminho para o cemitério, viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) abriram o cortejo - acompanhado por mais de 40 carros.
Segundo Cristiane Ferreira, amiga da família, no momento do homicídio, Fábio pedia "que parasse. Para, que chamasse viatura, chamasse ambulância". Nas novas imagens do ocorrido, gravadas por testemunhas, é possível ver a abordagem da Polícia Militar na madrugada de 2ª feira (23.ago), além de ouvir o agente aposentado dizendo que é policial e pedindo para as agressões pararem: "Não faz isso, não faz isso. Eu sou polícia também".
Na sequência, aparece a mãe pedindo para que não batam no filho: "Chega! Não bate no meu filho". A confusão na porta da casa da família começou quando um PM tentou imobilizar Fábio Augusto Zortea, de 37 anos. Ele acabou hospitalizado, e outro filho de Fábio Cezar Zortea, Luca Zortea, preso em flagrante.
Na manhã desta 3ª feira (25.ago), os dois jovens foram colocados em liberdade provisória pela Justiça. Em depoimento, os PMs disseram que foram chamados pelo dono de uma pafaria, após jovens em um carro branco provocarem confusão no estabelecimento. Na delegacia, o dono do local confirmou que houve uma discussão, mas negou que os filhos do policial rodoviário estivessem envolvidos.
Nas palavras do vice-governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior (PTB), "a boa técnica não recomenda uma abordagem da maneira como foi realizada em Torres". "É importante salientar que a BM faz milhares de abordagens diariamente. Esta é uma exceção à regra", completou.
Veja reportagem do SBT Brasil: