Amor além do vírus: idosos se reencontram após alta por covid; assista
Moradores de um lar de idosos em SP, Antônia e Waldomiro estão juntos há 42 anos; vídeo mostra reencontro
Lis Cappi
Quando se está há 42 anos com alguém, qualquer momento longe importa. Isso ficou claro com a história de Antônia Roque, 86, e Waldomiro Doni, de 83 anos. Casados há pouco mais de quatro décadas, os idosos ficaram separados por uma semana, após Antônia ser internada com covid-19. Recuperada, e de volta ao local onde moram no interior de São Paulo, a Associação Lar São José e Abrigo Rainha da Paz, o casal teve um reencontro emocionante: com aplausos e celebração de todos os que estavam no local.
Quando questionada sobre o período juntos, Antônia declara: "[Nós] Nunca brigamos, sempre estivemos grudados".
Antônia e Waldomiro, que receberam o apelido carinhoso de Nina e Nino, ficaram afastados um do outro por uma semana enquanto ela esteve internada para acompanhamento da covid-19. Segundo relato da técnica em enfermagem Carolina Travensolo, 24, os dois ficaram ansiosos pelo reencontro, que ocorreu nesta 6ª feira (9.jul). Mesmo no lar de idosos, em Itápolis (SP), Waldomiro queria receber notícias de Antônia diariamente. E foi esperá-la na porta do local.
"Era muito lindo ele falando que queria que ela viesse embora logo. Mandava boa noite. E teve esse episódio hoje (6ª feira) que graças a Deus ela teve alta. Foi um dia de muitas emoções no abrigo", relata a técnica.
Carolina também conta que, no dia a dia, o casal passa o maior tempo possível juntos. Do café da manhã até a hora de ir deitar. Mesmo ficando em locais diferentes na hora do repouso, pelo abrigo ter divisões entre homens e mulheres, os dois seguem para os quartos sempre no mesmo horário. Além de compartilharem todos os momentos do dia durante os dois anos em que estão no local.
"Eles acordam, tomam banho e vão para o café da manhã. Tem a mesa em que eles dois tomam café juntos. Após comerem, eles pedem um cigarro. Levamos os dois para um espaço aberto e eles ficam ali, sempre perto um do outro", diz. "Só se separam na hora de dormir", acrescenta.
Nina e Nino não têm filhos, mas uma sobrinha relatou ao abrigo que o casal sempre foi próximo. Quando Antônia precisou ficar em uma cadeira de rodas, Waldomiro cuidou de cada detalhe, do banho à alimentação. Mas os dois, após 40 anos juntos, precisaram recorrer a um abrigo quando ele passou por problemas de saúde e teve que amputar uma perna. As dificuldades, no entanto, não os impediram de viver bons momentos juntos.
Mariana Rodrigues, 26, que também trabalha como técnica no local, reforça que os dois mantiveram o cuidado e carinho um com o outro, mesmo de forma simples: "Ela nunca deita sem ele ir primeiro. Sempre espera por ele". "É muito lindo. Porque nos dias de hoje, nós vemos casais que se separam, qualquer briguinha está acabando o relacionamento. Mas eles superaram essas dificuldades. Todo mundo se emociona com eles. São muitas lições de vida que eles passam para a gente. Não só eles, como todos os idosos do abrigo. Um grande aprendizado para todos."