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Brasil

Hidrelétricas podem ter causado morte de toneladas de peixes no Brasil

Estudo analisou eventos em todas as bacias hidrográficas do país registrados nos últimos dez anos

Imagem da noticia Hidrelétricas podem ter causado morte de toneladas de peixes no Brasil
Inúmeros peixes mortos aparecem acumulados em rio (Divulgação/Governo de Goiás)
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Mortes de toneladas de peixes no Brasil, registradas entre 2010 e 2020, podem ter sido provocadas pelo funcionamento de usinas hidrelétricas, segundo um estudo publicado nesta 6ª feira (9.jul) na revista científica Neotropical Ichthyology. O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e das universidade federais do Pará (UFPA) e do Tocantins (UFT).

Eles analisaram eventos de mortalidade de peixes de água doce nas bacias hidrográficas do país a partir de notícias sobre o assunto, publicadas nos últimos dez anos, que puderam identificar por meio de uma busca sistemática no Google. No total, foram encontrados 251 registros, e nenhuma bacia brasileira ficou de fora. Em cada caso, os pesquisadores compilaram a data e local do ocorrido, causa(s) atribuída(s) para as mortes, estimativa de biomassa afetada e nome popular da espécie atingida.

A maioria dos eventos ocorreu em trechos de rio abaixo de usinas hidrelétricas. Um das possíveis explicações, de acordo com o estudo, é que as operações de enchimento dos reservatórios destas, além do ligamento e desligamento de turbinas, e a abertura e fechamento das comportas de vertedouros, causam alterações repentinas no ambiente, afetando não só a qualidade de oxigênio e outros gases na água, mas também a quantidade do líquido disponível.

Para os pesquisadores, "uma compreensão detalhada deste tema, por meio de pesquisa e monitoramento, deve ser considerada uma prioridade, uma vez que as mortes de peixes representam: perdas de ecossistemas (biodiversidade, funções e serviços); perdas socioeconômicas e de segurança alimentar (pesca e peixes desembarcados); e desgaste de imagem e perdas financeiras para as empresas de energia, que mesmo não tendo o controle e o entendimento de como evitá-los acidentes, são responsáveis pelas suas consequências".

Em um dos casos apontados, datado de 2007, 297 toneladas de tilápia morreram no reservatório da Usina de Xingó, que fica entre os estados de Alagoas e Sergipe. O estudo diz ainda que há uma tendência de aumento de eventos de mortalidade do tipo nos último anos, mas que isso pode estar relacionado com uma facilidade cada vez maior de gravá-los e compartilhar nas redes sociais.

De todo modo, pontua que os "órgãos de controle ambiental devem contemplar, no termo de referência no processo de licenciamento hidrelétrico, a avaliação dos impactos ambientais relacionados à operação das estruturas hidráulicas". "Isso deve considerar o projeto do vertedouro, características da dissipação de energia da bacia, além de facilidades para aeração e acesso ao compartimentos das turbinas", completa.

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