Secretarias vão apurar vacinas vencidas, mas não descartam erro em sistema
Conselhos e estados disseram ao SBT News que vão investigar se doses foram aplicadas após data de validade
Lis Cappi
A possível aplicação de doses de vacinas contra covid-19 após data de vencimento será investigada por Conselhos e secretarias de Saúde de diferentes locais do país. A abertura de apuração do caso foi confirmada ao SBT News por secretarias de saúde, além do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). Os locais não descartam possível erro no sistema de registro das aplicações.
Dúvidas acerca da validade das doses ganharam destaque nesta 6ª feira (2.jul), após uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo divulgar que parte dos imunizantes aplicados estava vencida. A informação veio do cruzamento de dados públicos do Ministério da Saúde. Esses dados, no entanto, estariam errados, segundo as secretarias de Saúde do Distrito Federal, de Salvador e de Belém.
Segundo as pastas, doses não foram aplicadas fora do prazo de validade. "Nem sempre a vacina aplicada é registrada no sistema do Ministério da Saúde na mesma data que foi administrada no paciente", afirmou a secretaria do DF. O órgão aponta que a falha pode ocorrer se a pessoa que digita a informação no sistema não alterar a data de aplicação: "Corre-se o risco de a vacina ser registrada como aplicação fora do prazo de validade".
A Prefeitura de Belém declara que "não há aplicação de doses fora do prazo de validade da vacina". Salvador também afirma que a coordenação de imunização local "identificou episódios de equívocos relacionados ao lançamento de dados no sistema". O mesmo foi divulgado pela Prefeitura de Maringá (PR).
Tanto o Ministério da Saúde quanto as secretarias de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina afirmaram ter controle na distribuição de doses, e declaram não terem enviado imunizantes após data de validade. Os estados citados, e a prefeitura de Nilópolis (RJ), afirmam que vão confirmar se houve alguma dose aplicada após o vencimento e abrirão investigação sobre o caso.
O Conass e o Conasems, em nota conjunta, reforçaram que "todos os casos sobre aplicação de doses contra covid-19 fora do prazo de validade serão investigados". Os conselhos apontam que a quantidade de doses citadas pela reportagem -- cerca de 26 mil -- corresponde a 0,0026% de todas as vacinas aplicadas no país, o que torna necessária "ponderação e investigação quanto à aplicação de doses e preenchimento das informações".
Se dose estiver vencida
Caso alguma dose tenha sido aplicada após a data de vencimento (veja lista aqui), a recomendação do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) é para se receber uma nova vacina. A medida visa garantir a segurança da imunização.
A nova dose deve ser aplicada após um intervalo de 28 dias. O SBIm destaca que uma vacina vencida não afeta a saúde de quem a recebeu. Mas pode prejudicar a imunização contra a covid-19. O mesmo é alertado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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O Ministério da Saúde foi contactado sobre a possibilidade de erro em registros da pasta, mas não se manifestou sobre o tema até a publicação desta reportagem. Mais cedo, a Saúde divulgou não ter feito envio de doses vencidas, e atribuiu alguma possível falha às gestões estaduais.