PM que prendeu dirigente do PT com faixa contra Bolsonaro é afastado
Professor foi detido após se recusar a retirar adesivo com frase "Fora Bolsonaro Genocida"
O policial militar responsável pela prisão do dirigente do PT, que se recusou a retirar uma faixa do carro com a frase "Fora Bolsonaro Genocida", foi afastado de suas funções na corporação nesta terça-feira (1.jun). Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Governo de Goiás (SSPGO), o oficial responderá a inquérito policial e procedimento disciplinar para apuração de sua conduta.
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O caso aconteceu na 2ª feira (31.mai) no município de Trindade, Região Metropolitana de Goiás, e foi registrado pelo sindicalista Arquidones Bites Leão Leite, que também é professor da rede estadual.
Nas imagens, o agente identificado como tenente Albuquerque aborda o educador e solicita a retirada da faixa contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No entanto, Leite discorda do pedido e se nega a retirar o adesivo.
Com a recusa, o policial recita o artigo 26 da Lei 7.170, a Lei de Segurança Nacional, que prevê como crime "caluniar ou difamar o presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação".
Em tom exaltado, o professor ressalta que não está caluniando o presidente da República. "E não é só eu que estou falando, são vários deputados e senadores. Estão provando na CPI", disse.
"Vou dar voz de prisão para o senhor. Está duvidando? Vamos ver, então", reforça o tenente. Em seguida, o educador é encaminhado para uma delegacia do município, onde os policiais se recusam a dar continuidade na prisão.
Com isso, a equipe responsável pela abordagem leva Arquidones para a sede da Polícia Federal (PF), em Goiânia, para prestar esclarecimentos. Após o depoimento, o professor foi liberado.
Em nota, a SSP afirmou que não compactua com "qualquer tipo de abuso de autoridade" independemente do cargo ou função exercida pelo responsável. "Assim sendo, todas as condutas que extrapolem os limites da lei são apuradas com o máximo rigor, independentemente do agente ou da motivação de quem a pratica".
Ato arbitrário
Após ser liberado, o professor usou as redes sociais para agradecer o apoio e classificou o episódio como um ato arbitrário. Segundo o Arquidones Bites, pessoas diversas partes do país e do exterior se mobilizaram ao seu favor.
"Quero agradecer toda a solidariedade que recebi após esse ato arbitrário da Polícia Militar de Goiás. Agradeço, especialmente, o Partido dos Trabalhadores (PT), do qual eu faço parte e demais partidos de esquerda que foram solidários comigo.
Quando cheguei em Trindade, fui recebido com uma grande recepção, fizeram uma carreata com 22 carros até a minha casa", disse em vídeo.
Confira a íntegra da nota da Secretaria de Segurança Pública de Goiás:
"O policial militar, envolvido nesse fato lamentável, foi afastado de suas funções operacionais. Ele responderá a inquérito policial e procedimento disciplinar para apuração de sua conduta.
O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Segurança, informa que não coaduna com qualquer tipo de abuso de autoridade, venha de onde vier. Assim sendo, todas as condutas que extrapolem os limites da lei são apuradas com o máximo rigor, independentemente do agente ou da motivação de quem a pratica."
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