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Brasil

Não podemos deixar população refém de salvadores da pátria, diz pres. da Cufa

Preto Zezé reclama que mentalidade pequena atrapalha frente ampla para 2022

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Preto Zezé , presidente da Cufa
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Apesar de defender a abertura do diálogo entre os mais variados grupos políticos, o presidente da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé, está cético em relação à formação de uma frente ampla para as eleições presidenciais de 2022. Ele diz que as forças políticas estão fragmentadas num debate pelo monopólio do bem e a população refém de salvadores da pátria. 

"Há muitos pleiteando a frente ampla, mas eu estou vendo uma mentalidade pequena. Estou vendo um discurso valorizando um candidato à frente, um partido à frente, uma briga pelo monopólio do bem, por um protagonismo insano e o debate da agenda pública secundarizado", criticou em entrevista ao Poder em Foco, na madrugada deste domingo (30), no SBT

O presidente da Cufa diz que a política é a arte do ajuntamento mas que o cenário reforça uma limitação da disputa entre petistas e bolsonaristas. "O que a gente tá vendo agora é um cenário com o presidente da República (Jair Bolsonaro) e o ex-presidente Lula. A política é dinâmica, talvez mude amanhã ou depois, mas agora não há possibilidade de construção dessa frente". 

Preto Zezé ressalta que a Cufa vai continuar trabalhando para ter mais representantes das favelas nas disputas eleitorais. Mas a instituição não adota uma candidatura presidencial para chamar de sua. 

"Aqui no Brasil, hoje, a população está desesperada e uma população desesperada rapidamente cai num processo de se agarrar com qualquer salvador da pátria. Eu acho que a pandemia está dando pista pra que a gente estabeleça uma agenda e não um político ou candidato ou um partido", explicou. 

Para ele, a agenda prioritária da população passa, por exemplo, pela segurança pública. "Somos o país onde a polícia mais mata, mas também onde mais morrem policiais. Temos cadeias lotadíssimas, a terceira maior carcerária no mundo. Precisamos trazer esse debate da Segurança Pública para a própria população. A gente precisa pautar uma agenda pública de inclusão, de enfrentamento da desigualdade, fazer com que essa agenda paute a política e não deixar a sociedade refém, a reboque de alguns salvadores da pátria", orientou.

Preto Zezé ressalta que não se pode aceitar a naturalização da violência nas favelas e defende maior mobilização social e participação política para mudar esse quadro. Ele ressalta a necessidade de o brasileiro admitir que o país é racista para conseguir dar os passos necessários para acabar com os problemas estruturais vividos pelas pessoas pretas. 

Favela ou comunidade, o que é politicamente correto?

O presidente da Cufa explica que o termo favela precisa ser falado sem preconceito, mostrando toda a dimensão dessas comunidades como um local de inovação, criatividade e potência. 


"Esse é um ponto, inclusive, sempre abordado quando a gente discute comunicação com os gestores públicos. Porque o termo (favela) traz a carga negativa colocada nesse território. Mas se você olhar o que é produzido pela cultura nas favelas, a música, o funk, o rap, o samba, isso pauta a favela num lugar que não é o da tragédia, somente da violência, da tristeza, da  carência. A Cufa segue a lógica de pautar a favela como lugar de inovação tecnológica, de potência, que antes da pandemia produzia R$ 119 bilhões em poder de consumo".

Poder em Foco 

O Poder em Foco vai ao ar na madrugada de domingo (30.mai) para segunda, 0h45, no SBT. É apresentado pela jornalista Roseann Kennedy que, semanalmente, recebe uma personalidade do ambiente do poder para tratar assuntos importantes da pauta nacional. Também participa da entrevista nesta semana a jornalista Gabriela Vinhal do SBT News.

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