Exclusivo: mais mulheres acusam médico Nabil Ghorayeb de assédio
Ministério Público de São Paulo fornece e-mail exclusivo para que vítimas façam denúncias
SBT News
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) abriu nesta 5ª feira (21.mai) um canal para denúncias contra o cardiologista Nabil Ghorayeb, um dos mais conceituados na medicina esportiva no país. O profissional é acusado de assediar pacientes em atendimentos no consultório onde trabalha, no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo.
O SBT Brasil ouviu com exclusividade novas vítimas. Uma delas -- que passou quase 20 anos em silência -- relata que estava com a filha quando sofreu o abuso. "Ele perguntou para ela como os meus seios eram lindos, ele não queria saber como eu estava, não foi essa pergunta que ele fez", fala a mulher.
Ainda segundo ela, a consulta continuou, e o médico pediu para que se deitasse em uma maca para medir a pressão da paciente. Nesse momento, falou para ela relaxar com uma música ambiente e tocou seus seios. Em outra ocasião, a vítima voltou sozinha ao local, para devolver um equipamento usado para monitorar a pressão durante 24 horas. Porém, nas palavras dela, "entrei no consultório sozinha e ele convidou-me pra jantar e levantou-se da cadeira dele, veio na minha direção pra eu beijar na boca, eu empurrei ele com toda a minha força".
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Nabil Ghorayeb é investigado pela polícia e pelo Ministério Público por, pelo menos, três casos de assédio sexual. O Hospital do Coração de São Paulo (HCor) afastou o cardiologista após as denúncias. O caso mais recente aconteceu em janeiro, também no consultório do médico. Segundo a vítima, "no momento, ele pegou a minha mão, passou por cima da calça dele e passou a mão dele por cima do meu vestido".
As mulheres começaram a procurar as autoridades depois que a administradora Bárbara Leite tomou a iniciativa de reunir os relatos. Ela diz que também foi assediada, em 2017, enquanto acompanhava o pai, que era paciente do cardiologista. Além de problemas cardíacos, ele estava com câncer. Bárbara foi sozinha buscar uma receita e, ao chegar, recebeu "um beijo e um abraço super constrangedor". "Pegou a minha mão, levantou, me girou dentro do consultório e disse: 'nossa, deixa eu ver tudo isso", relembra.
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A administradora conseguiu ir embora rapidamente e contou à família o que tinha acontecido. Ela nunca mais acompanhou o pai às consultas e só teve coragem de procurar a polícia depois que o homem morreu. No canal exclusivo criado hoje pelo MPSP para denúncias contra Ghorayeb, o sigilo é garantido. O e-mail fornecido pela instituição -- somosmuitas@mpsp.mp.br -- é o mesmo usado em outros casos graves de assédio sexual, como o do médium João de Deus.
A promotora de Justiça Valéria Sacarance faz um apelo para que todas "que tenham passado por uma situação semelhante nesse mesmo contexto, procurem o Ministério Público, ainda que o fato tenha acontecido há muito tempo". "Essas mulheres, elas podem contribuir para a investigação como um todo e podem atuar como testemunhas do processo", completa.
Nabil Ghorayeb não quer dar entrevista. Em nota, ele negou as acusações e as chamou de inverídicas, infundadas e descabidas. As vítimas não falam mais em aguardar por justiça, mas sim participar dela e nunca mais simplesmente esperar.
Assista à reportagem completa do SBT Brasil: