Ex-atleta paralímpico percorre 30 km por semana fazendo entregas com cadeira de rodas

Ex-atleta paralímpico faz entregas com cadeira de rodas para complementar renda e chega a rodar 30 quilômetros por semana, em Paulínia, interior de São Paulo.

Há um mês trabalhando como entregador, Caíque Palma de Souza, de 23 anos, percorre sete quilômetros por dia, cinco dias por semana, em uma jornada de dez horas diárias. O trabalho, que parece penoso para muitos, é a busca por um sonho para ele. 

Velocista paralímpico durante dez anos, Caíque é estudante de educação física e pretende montar a sua própria academia. De família pobre, precisou ajudar a complementar a renda de casa depois que a mãe diarista perdeu muitos trabalhos em decorrência da crise sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus. O atleta colocou uma mochila de entregas nas costas e se cadastrou em um aplicativo como entregador de bicicleta, já que não existe uma opção para entregadores PCD (pessoa com deficiência).

Apesar de toda a preparação física, o novo emprego apresentou dificuldades tanto de força, já que exige muito esforço físico empurrar a cadeira e também dificuldades relacionadas a acessibilidade. 

 "Paulínia hoje tem 13 mil deficientes e tem muito o que melhorar." comenta Caíque, que também reclama da dificuldade de conseguir subir nas calçadas e dos buracos espelhados pela cidade.

Tocados com a história do ex-atleta e as dificuldades enfrentadas por eles, um grupo de entregadores se juntou e lançou uma vaquinha online com o objetivo de comprar uma cadeira de rodas motorizada e assim, ajudá-lo a aumentar o número de entregas, hoje ele fatura em média R$ 150 por semana. A força de vontade e o esforço de Caíque foram recompensados e, em menos de dez dias, R$ 12 mil foram arrecadados. 

Com o dinheiro, Caíque afirma que pretende ajudar em casa e dobrar o número de entregas. Para ele não existe barreiras intransponíveis, nem mesmo as impostas pela pandemia.