Papa abre reunião sobre Amazônia com pedido de respeito aos índios
O Papa defendeu a aproximação da Igreja com os povos amazônicos, e afirmou que as ideologias são "uma arma perigosa"
SBT News
Na abertura da assembleia de bispos sobre a Amazônia, no Vaticano, o Papa Francisco defendeu que a Igreja deve se aproximar dos povos amazônicos, porém devagar, respeitando sua história e estilo de vida. Representantes de diversas etnias foram para Roma apoiar a iniciativa.
A reunião, chamada de sínodo, que significa "caminhar juntos", irá discutir durante as próximas três semanas as novas formas de evangelização na região amazônica, onde há poucos sacerdotes. O Cardeal Claudio Hummes destacou que a Igreja precisa estar mais aberta: "A Igreja precisa abrir as portas, derrubar muros que acercam e construir pontes".
Temas como a situação das comunidades ribeirinhas, violência, narcotráfico, exploração sexual, desmatamento e aquecimento global também serão abordados.
Durante seu discurso, o Papa Francisco reconheceu que a Igreja Católica impôs a fé cristã aos índios, mas ressaltou que atualmente isso não é mais aceitável, e condenou a falta de respeito com os povos indígenas, e também afirmou que "ideologias são uma arma perigosa".
Na reunião, compareceram missionários dos nove países que compõem a floresta Amazônica e índios de diversas etnias, que ressaltaram a importância da proteção e cuidado com a Amazônia.
"O sínodo representa pra nós um cuidado que o Papa Francisco tem com o nosso povo, com a nossa amazônia" disse a indígena Hosana Castro Montanhas, "Nós queremos chamar a atenção do mundo para a proteção da nossa amazônia brasileira", acrescentou José Luiz Cassupá.
O Papa também lamentou ter escutado um comentário de mau gosto sobre o cocar de um dos índios, e convidou os bispos para uma reflexão, comparando o símbolo indígena com o chapéu utilizado por membros do clero: "Que diferença existe entre as penas na cabeça e o tricórnio, tipo de chapéu utilizado por membros do clero?".
O sínodo foi convocado pelo Papa em 2017, e desde então tem recebido críticas, principalmente da ala mais conservadora da Igreja.