Jornais e políticos no exterior criticam incêndios na Amazônia
Pelas internet, Bolsonaro se referiu à repercussão da notícia como "sensacionalista" e alegou que o Governo não tem orçamento para combater as chamas
SBT News
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou, nesta quinta-feira (22), que está "profundamente preocupado com as queimadas na floresta amazônica" e pediu proteção à biodiversidade da região.
Guterres não foi o único a demonstrar apreensão com o tema. Desde terça-feira (21), as chamas que têm se consumido áreas de floresta amazônica tem sido um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, ganhando proporções ainda maiores com a interação de celebridades - como o ator Leonardo Dicaprio, a modelo Gisele Bündchen, o piloto Lewis Hamilton e a cantora Ariana Grande.
A hashtag "pray for Amazon" - "reze pela Amazônia" - foi também uma das mais usadas no mundo.
A imagem de satélite distribuída pela NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, revelou a dimensão do incêndio - que, como apontou um dos jornais mais importantes da Alemanha, já considerado "o pior dos últimos sete anos". Além do veículo alemão, as queimadas também ocuparam os noticiários do El País e da rede norte-americana CNN.
Ainda pela internet, a Organização Mundial de Meteorologia ilustrou como a fumaça das chamas se espalha por países vizinhos e diversos estados brasileiros - reforçando, inclusive, estudos recentes que atribuíram a tarde escura de segunda-feira (19), em São Paulo, ao mesmo fenômeno.
A declaração do presidente Jair Bolsonaro, desta quarta-feira (21), sugerindo que ONGs ligadas à proteção do Meio Ambiente poderiam estar por trás dos incêndios - de forma criminosa - também foi amplamente repercutida pela imprensa internacional. A falta de evidências para embasar tal afirmação foi destacada pelos britânicos The Guardian e BBC.
Ainda na noite desta quinta-feira (22), pelas redes sociais, o presidente da França, Emmanuel Macron, classificou o problema como "crise internacional", que deverá ser discutida na reunião das sete maiores economias do mundo - o G7 -, que acontecerá na capital francesa, a partir deste sábado (24).
O aumento exponencial das queimadas na Amazônia não compromete apenas a imagem do Brasil no exterior, mas, pode também repercutir negativamente na economia do país.
O recém-assinado acordo comercial Mercosul-União Europeia, por exemplo, precisa ainda ser ratificado pelo parlamento europeu, onde os ambientalistas têm uma das principais bancadas.
Bolsonaro rebate críticas e classifica repercussão como "sensacionalista"
Na noite desta quinta-feira (22), em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o presidente francês Emmanuel Macron "busca instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoas".
Bolsonaro ainda declarou que a cobertura da mídia internacional sobre o assunto possui um "tom sensacionalista", e que a postura "não contribui em nada para solução do problema". Segundo ele, o Governo brasileiro continua aberto ao diálogo, com base em dados e no respeito mútuo.
"Vocês acham que outros países nos atacam dessa forma? Um país agora, que eu não vou dizer o nome aqui, falou 'a nossa Amazônia', teve a desfaçatez de falar 'a nossa Amazônia'. Estão interessados - você brasileiro que está me ouvindo aqui - em um dia, ter um espaço aqui na região amazônica para ele", expôs.
O presidente ainda disse que o Governo do Chile ofereceu ajuda para controlar os incêndios na região. "Piñera nos ofereceu ajuda para combater o fogo na floresta. Um avião, ou dois, ou três. A gente sabe que é pouca coisa, mas agradece. Em havendo a decisão de aceitar essa ajuda, será bem-vinda".
Por fim, em justificativa da proposta de ajuda externa, Bolsonaro alegou que o Governo brasileiro não possui orçamento para enviar aviões para combater as chamas que atingem a Amazônia.
"Não temos condições mais de pensar em botar alguns aviões nossos na região amazônica para combater o fogo. Temos esse problema. É uma realidade, ninguém vai negar isso aí. O que for possível fazer para combater esse crime que são as queimadas nós faremos".