União Europeia e Mercosul fecham acordo de livre comércio
A parceria pode trazer 125 bilhões de dólares para a economia brasileira. O Governo já antecipou quais produtos podem ser beneficiados com a medida
SBT News
Após vinte anos de negociações, o Mercosul e a União Europeia selaram nesta sexta-feira (28), em Bruxelas, na Bélgica, o acordo de livre comércio entre os dois blocos econômicos. A implementação do acordo deverá acontecer, totalmente, em um prazo de dois anos.
A parceria envolve os vinte e oito países da União Europeia e os quatro atuais sócios do Mercado Comum do Sul - Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil.
Juntos, os dois blocos irão formar uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, reunindo cerca de 780 milhões de consumidores - o que corresponde a quase dez por cento da população mundial - e um Produto Interno Bruto (PIB) que ultrapassa 19 trilhões de dólares - equivalente a vinte e cinco por cento da economia global.
Para o Governo brasileiro, o acordo dará impulso à agricultura, à indústria e ao setor de serviços.
"Temos, na área agrícola, muitos produtos, de frutas a carne, muitas opções para que o produtor brasileiro acesse esse mercado que é a União Europeia. Só que isso tem um tempo, não acontece de uma hora para outra, não é para amanhã. Tem um tempo de maturação para que isso aconteça", explicou a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina.
Segundo estimativas do Ministério da Economia, a parceria poderá representar um acréscimo de 87,5 bilhões de dólares, em 15 anos, ao Produto Interno Bruto do Brasil.
A equipe econômica ainda estipula que, se consideradas a redução das barreiras não tarifárias e o incremento na produtividade total dos fatores de produção, esse valor pode ainda chegar a 125 bilhões de dólares.
A expectativa é que, no mesmo período, os investimentos no Brasil aumentem cerca de 113 bilhões de dólares.
Pelas redes sociais, Jair Bolsonaro comemorou o acordo de livre comércio firmado, elogiou ministros e ressaltou a importância da parceria para a economia do país.
"Histórico! Nossa equipe, liderada pelo Embaixador Ernesto Araújo, acaba de fechar o Acordo Mercosul-UE, que vinha sendo negociado sem sucesso desde 1999. Esse será um dos acordos comerciais mais importantes de todos os tempos e trará benefícios enormes para nossa economia", escreveu Bolsonaro no Twitter.
O presidente ainda parabenizou os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Tereza Cristina, da pasta da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pelo "empenho" em finalizar as negociações da parceria.
A Argentina também comemorou a chance de ter um fôlego em tempos de crise. Pela internet, o presidente Mauricio Macri compartilhou um áudio do chanceler argentino Jorge Faurie, emocionado com o acordo: "20 anos de negociação. Temos o acordo União Europeia - Mercosul".
O texto final ainda está sendo revisado pelos países, e os detalhes sobre os termos devem ser divulgados ainda neste fim de semana.
O Governo brasileiro, por sua vez, já adiantou alguns produtos nacionais que terão tarifas eliminadas. Entraram na lista o suco de laranja, as frutas e o café solúvel. Os exportadores brasileiros também terão acesso a mais mercados de carnes, açúcar e etanol.
Para a indústria nacional, em tempos de recessão, a assinatura do acordo representa um ganho. Porém, segundo o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a abertura do mercado exige mudanças.
"Nós teremos que ter uma reforma tributária, teremos que trabalhar muito pelo financiamento das exportações, teremos que ver muito a questão de investimentos, como é que nós vamos fazer para tirar tributações de investimentos aqui no Brasil", explica Carlos Eduardo Abijaodi, diretor da CNI.
Já a especialista em direito internacional, Lisa Pinchemel, ressalta que a abertura comercial irá aumentar a concorrência e forças a modernização da Economia brasileira. "É importante ver como possibilidade de desenvolvimento do nosso parque industrial, porque ela vai gerar a necessidade de melhora dos produtos internos, de uma maior especialização e de, provavelmente, geração de conhecimento para competir no mercado internacional".