Caso Gritzbach: Justiça Militar condena 11 PMs por segurança ilegal a empresário
Policiais prestavam escolta particular a Vinicius Gritzbach, morto a tiros no aeroporto de Guarulhos; penas variam de 3 a 8 anos

Antonio Souza
Agência SBT
A Justiça Militar de São Paulo condenou, nesta quarta-feira (17), 11 policiais militares acusados de prestar serviços de segurança particular ilegais ao empresário Antonio Vinicius Gritzbach, apontado pelas investigações como envolvido em um esquema de lavagem de dinheiro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). As penas variam entre 3 e 8 anos de reclusão.
Segundo a sentença, os policiais foram condenados por integrar organização criminosa e por falsidade ideológica, crimes militares relacionados à escolta ilegal do empresário. Quatro réus foram absolvidos.
Os réus que estavam presos preventivamente deverão cumprir a pena em regime semiaberto. Outros quatro policiais foram absolvidos.
A prática de segurança privada por policiais militares é considerada infração grave pelo Regulamento Disciplinar da Polícia Militar.
Vinicius Gritzbach foi executado a tiros em novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na Grande São Paulo. O caso revelou vínculos entre agentes públicos e o crime organizado, envolvendo tanto integrantes da Polícia Militar quanto da Polícia Civil paulistas.
Esta é a primeira sentença relacionada ao episódio, que segue sob investigação em outras frentes.
Relembre o caso
Após ser condenado por lavagem de dinheiro, principalmente por meio de negócios imobiliários de luxo na zona leste de São Paulo, Antônio Vinícius Gritzbach começou a colaborar com o Ministério Público como delator.
Ele denunciou diversos criminosos, muitos deles seus próprios clientes e contatos estratégicos da organização criminosa.
Segundo investigação da Polícia Civil, Gritzbach é apontado como mandante dos assassinatos do traficante Anselmo Santa Fausta, conhecido como "Cara Preta", e seu motorista, Antônio Corona Neto, vulgo "Sem Sangue". Eles foram mortos no dia 27 de dezembro de 2021, em uma emboscada no Tatuapé, na zona leste de São Paulo.
O crime teria acontecido depois de o traficante do PCC ter entregue R$ 40 milhões ao empresário para que fossem investidos em criptomoedas. Após o investimento não dar certo e Anselmo perder o dinheiro, o líder do PCC fez diversas ameaças a Gritzbach. Em resposta, ele teria encomendado a morte do traficante com um pistoleiro, identificado como Noé Alves.
Cerca de 20 dias depois dos assassinatos, o responsável pelas mortes de Cara Preta e Sem Sangue foi executado pelo PCC.
A facção deixou um bilhete ao lado do corpo de Noé — que foi esquartejado e teve a cabeça jogada no local da morte dos traficantes.
Após o crime, Antônio Vinicius Gritzbach foi preso diversas vezes, até ser solto definitivamente em 7 de junho de 2023, quando ganhou liberdade condicional. Em junho deste ano, o empresário fez um acordo de delação premiada com a Justiça, em troca de redução da pena.
Meses antes, no dia 25 de dezembro de 2023, o empresário foi alvo de outra tentativa de execução. Ele comemorava o Natal com a família em seu apartamento de luxo, no Jardim Anália Franco, na zona leste de São Paulo.
O tiro, que, segundo a polícia, partiu de um prédio vizinho, acertou uma pilastra e quebrou uma porta de vidro da varanda da residência.









