Extrema pobreza atinge menor nível histórico em 2023, estima FGV
Cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE
Com o aumento da renda média dos brasileiros em 2023, o Brasil atingiu o menor nível de extrema pobreza registrado na história, segundo o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social). No ano passado, 8,3% da população (16,9 milhões de pessoas) estava abaixo da linha de miséria. São 2,6 milhões de brasileiros que deixaram essa condição na passagem de 2022 para 2023.
O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.
Os pesquisadores do FGV Social consideraram uma linha de extrema pobreza definida pela própria equipe: são considerados extremamente pobres aqueles que ganham abaixo de R$ 303 por mês por pessoa da família, incluindo todas as fontes de renda.
Segundo Marcelo Neri, o resultado chama a atenção, num contexto em que os rendimentos médios cresceram ao ritmo de dois dígitos em praticamente todas as faixas de renda.
Isso significa, para o economista, que a expansão do Bolsa Família, tido como principal motor do crescimento entre os mais pobres, parece não ter atrapalhado o mercado de trabalho, já que houve avanço de salários e número de empregados em 2023.
A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres aos 10% mais ricos) tiveram expressivos ganhos; e o maior ganho se deu para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo aumento do Bolsa Família, que passou por forte expansão nos últimos anos.
Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.