Sementes falsificadas já movimentaram R$ 10 bilhões no mercado clandestino
Mais de 3 mil toneladas foram apreendidas em operação no RS. Além de prejudicar o meio ambiente, não existe garantia de resistência às pragas
Eduardo Pinzon
Uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária, apreendeu mais de 3 mil toneladas de sementes ilegais em 14 cidades gaúchas.
"São 3 mil toneladas de sementes, ou falsificadas ou piratas, que foram avaliadas em aproximadamente R$ 35 milhões. Então, não foram todos os alvos que nós temos até hoje, foram alguns. Então, para vocês terem uma ideia do tamanho que é esse prejuízo, não só ao produtor legalizado, mas também ao Estado à União", afirma o delegado responsável pela operação, Heleno dos Santos.
Sementes piratas são produzidas sem registro, sem testes de qualidade e sem pagamento de royalties às empresas que desenvolvem o material genético. O produtor pode até achar que está economizando, porém, além de estar cometendo um crime, assume um risco. Isto porque, diferente das clandestinas, as sementes legais conseguem resistir às pragas e não prejudicam o meio ambiente.
"Quando essas sementes são feitas de forma pirata, não há qualquer controle sobre isso, então, isso coloca em risco uma série de questões, como a produtividade e o próprio meio ambiente. Porque, você, quando produz uma semente pirata, não tem nenhuma garantia em relação à sanidade daquela planta. Então, isso traz uma série de prejuízo à produção agrícola, aos produtores e às sociedades de uma maneira geral", explica o diretor da Croplife Brasil, Eduardo Leão.
A pirataria de sementes movimenta um mercado ilegal que já ultrapassa R$ 10 bilhões no Brasil. Os casos são mais comuns nas regiões Sul e Nordeste. O Rio Grande do Sul lidera o ranking com 28% - o índice é quase três vezes maior que a média nacional.
Depois, aparecem os estados de Minas Gerais (23%), Piauí (20%) e São Paulo (20%). A soja é o cultivo que mais sofre com a pirataria, seguido de arroz e algodão.
A Polícia Civil, inclusive, já traçou rotas da pirataria: sementes falsificadas na Bahia e no Tocantins vieram para o Rio Grande do Sul e vice-versa. Quem compra ou planta também pode ser responsabilizado.
"Pode ser preso, pode ter não só a semente apreendida, a plantação também, mas todo o patrimônio que foi adquirido durante o período em que ele trabalhou. Digamos assim, se dá para dizer que é um trabalho lidando com essa semente falsificada", conclui o delegado Heleno dos Santos.








