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Ruy Fontes: Justiça decreta prisão de suspeita envolvida em execução de ex-delegado de SP

Mulher teria transportado armas e participado da logística da emboscada em Praia Grande

Imagem da noticia Ruy Fontes: Justiça decreta prisão de suspeita envolvida em execução de ex-delegado de SP
Ruy Ferraz Fontes atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil de São Paulo | Divulgação
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A Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária de uma mulher suspeita de envolvimento na execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes. Ela prestou depoimento na quarta-feira (17) e foi apontada como cúmplice na logística da emboscada que resultou no assassinato do ex-delegado, em Praia Grande.

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Segundo os investigadores, a mulher teria recebido a missão de transportar um dos fuzis utilizados no crime. Ela teria ido até a Baixada Santista, recolhido a arma e entregue a um criminoso na Grande São Paulo. Às autoridades, ela disse que não sabia o que tinha dentro da sacola que estava transportando.

Outros dois suspeitos de participar da execução de Fontes já foram identificados. As impressões digitais da dupla foram encontradas em um dos veículos utilizados no crime. O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, optou por não divulgar as identidades para não atrapalhar as buscas. Ele informou, no entanto, que um dos criminosos possui diversas passagens pela polícia por tráfico de drogas e roubo.

“Estamos trabalhando com os principais departamentos da Polícia Civil e apoio da Polícia Militar. Após exames periciais em um dos veículos usados pelos suspeitos e no local do crime, dois envolvidos foram identificados. Seguimos com todas as polícias empenhadas nesse caso, para que os culpados sejam punidos. Não vamos descansar enquanto esse crime não for elucidado”, disse Derrite.

A Justiça já determinou a prisão temporária dos suspeitos. Na quarta-feira (17), policiais cumpriram oito mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos criminosos. A mãe e o irmão de um dos suspeitos foram localizados e levados para prestar depoimento. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo disse que os relatos serão preservados para não comprometer as investigações.

O ataque

O ataque ocorreu por volta das 18h20 de segunda-feira (15), na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim, em Praia Grande (SP). Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, havia acabado de encerrar o expediente na Secretaria de Administração da cidade, quando foi alvo de uma emboscada.

A execução foi registrada por câmeras de monitoramento. As imagens mostram o carro do ex-delegado sendo perseguido pelos criminosos, que, em seguida, fazem uma série de disparos de fuzil contra o veículo. Fontes consegue fugir, mas bate contra um ônibus e capota o carro. Na sequência, três homens descem de um veículo e atiram contra ele.

Segundo o delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian, os criminosos dispararam mais de 20 vezes contra Fontes, que foi atingido em diferentes partes do corpo, como braços, pernas e abdômen. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou a morte do ex-delegado no local.

Os investigadores apontaram para dois veículos utilizados na emboscada — ambos roubados. Um deles foi encontrado incendiado a cerca de dois quilômetros da cena do crime, enquanto outro, que seria utilizado para a fuga dos criminosos, estava abandonado num local próximo. Foi neste último que os peritos colheram as impressões digitais.

Apesar da identificação de dois suspeitos, Derrite ponderou que ainda é cedo para confirmar ligações com o crime organizado, mas não descartou essa hipótese. Atualmente, os investigadores trabalham com duas possíveis motivações do crime:

  • Vingança em razão da atuação de Fontes contra líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC)
  • Retaliação de criminosos pelo trabalho do ex-delegado na Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande

Quem era Ruy Ferraz Fontes?

Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Ruy Ferraz Fontes ocupou cargos de destaque na Polícia Civil de São Paulo, como Delegado Geral de Polícia, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital, além de ter atuado em unidades como o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Fontes ganhou notoriedade no início dos anos 2000, quando, à frente do Deic, foi o primeiro delegado a investigar a atuação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado de São Paulo. Entre 2019 e 2022, à frente da Delegacia Geral, liderou a transferência de chefes da facção para presídios federais, visando reduzir o poder da facção dentro das prisões.

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Ao todo, Fontes dedicou mais de 40 anos à Polícia Civil na capital paulista. Ele estava atualmente aposentado da instituição, exercendo a função de secretário de Administração em Praia Grande. Nas últimas semanas, chegou a demonstrar incômodo pela falta de proteção, dizendo que estava investigando um possível esquema de licitações na Baixada Santista, que envolvia o PCC.

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