Vacina contra a Aids gera anticorpos em testes com humanos
Cientistas da Universidade de Duke, nos EUA, dizem que imunizante apresenta resultados promissores para o desenvolvimento de um imunizante contra o vírus HIV
Em estudo publicado pela revista Cell, cientistas da Universidade Duke, nos Estados Unidos, afirmam que a vacina contra o HIV para humanos gerou defesas e anticorpos contra a Aids, na primeira fase dos testes clínicos. Sendo considerado um passo avançado para a cura contra a doença.
Os pesquisadores mostram que a vacina conseguiu ativar o sistema imunológico humano contra o HIV, vírus causador da Aids. Isso foi comprovado em um teste realizado com um grupo de 24 pessoas que recebeu o imunizante.
Após duas doses, das quatro previstas, os cientistas perceberam que os anticorpos começaram a neutralizar o vírus.
Logo, 95% dos voluntários que receberam a dosagem tiveram resposta positiva do corpo à presença de antígenos no soro sanguíneo.
Além disso, foi identificada nos pacientes a presença de um linfócito, isto é, um glóbulo branco, conhecido por T CD4+ no sangue, que mostra uma forte ativação imunizante, ou seja, o corpo está criando defesas contra o vírus.
“Para obter um anticorpo amplamente neutralizante, uma série de eventos precisa acontecer, e normalmente leva vários anos após a infecção”, disse o líder da pesquisa Dr. Wilton Williams, professor associado do Departamento de Cirurgia de Duke e membro do Instituto de Vacinas Humanas de Duke. “O desafio sempre foi recriar os eventos necessários em um espaço de tempo menor por meio de uma vacina. Foi muito emocionante ver que, com esta molécula de vacina, poderíamos realmente fazer surgir anticorpos neutralizantes em semanas”, completou Williams.
Financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, por Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e pela Fundação Bill e Melinda Gates, o estudo mostra um caminho para desenvolver meios para atacar o vírus.
“Este estudo demonstra que anticorpos amplamente neutralizantes podem de fato ser induzidos em humanos pela vacinação. Agora que sabemos que a indução é possível, podemos replicar o que fizemos aqui com imunógenos que têm como alvo outros locais vulneráveis no envelopamento do vírus”, sinaliza Barton Haynes, diretor do Instituto de Vacinas Humanas de Duke (DHVI).
Ainda há desafios para a primeira vacina
Apesar do resultado promissor, os testes foram interrompidos quando um paciente apresentou uma reação alérgica, sem risco de morte, semelhante às raras incidências de vacinas contra a Covid-19.
Os cientistas suspeitam de um aditivo que ativou a alergia no paciente afetado no teste.
Agora, os cientistas trabalham para desenvolver uma nova versão da vacina e, ao mesmo tempo, buscam formas de reduzir as respostas imunológicas contra outras partes do vírus.
Esta vacina foi criada com o propósito de estimular a geração de células de defesa contra uma parte específica do HIV, a MPER, que fica na membrana externa e é pouco suscetível a mutações.
“Este trabalho é um grande passo em frente, por mostrar a viabilidade de induzir anticorpos com imunizações que neutralizam as deformações mais difíceis do HIV”, explica Haynes.
Mesmo com ânimo dos resultados, ainda vai levar tempo e muitos testes para que a vacina esteja disponível ao público.