Publicidade
Tecnologia

“Uh-oh!”: serviço de mensagens ICQ acaba em junho

No ar desde 1996, o mensageiro perdeu relevância para outros concorrentes como WhatsApp e Telegram e será encerrado no próximo dia 26

Imagem da noticia “Uh-oh!”: serviço de mensagens ICQ acaba em junho
ICQ estava no ar desde novembro de 1996, foi popular em meados de 2000 e agora enfrenta forte perda de relevência e o seu fim é anunciado | Divulgação/ICQ
• Atualizado em
Publicidade

Quem não se lembra do gritinho “uh-oh!” ao receber uma mensagem? Bem antes do domínio do WhatsApp, Telegram e outros mensageiros nos celulares, o ICQ era o aplicativo de mensagens que reinava durante parte da pré-história da internet.

Os então ‘internautas’, hoje acometidos pela senioridade e talvez pela calvície, trocavam mensagens pelo ICQ, AOL Instant Messenger ou MSN Messenger no final da década de 1990 e início dos anos 2000.

O serviço se diferenciava pelo alerta “uh-oh!” (ouça abaixo), som emitido quando se recebia uma mensagem, e os usuários eram atribuídos a números, semelhantes aos números de celulares relacionados ao WhatsApp e Telegram.

Agora, segundo sua proprietária VKontakte, ou VK, empresa equivalente à rede social Facebook na Rússia, o icônico e histórico aplicativo será desativado em 26 de junho.

Sem melancolia, VK anuncia o encerramento do ICQ, após quase 30 anos de atividade na internet | Reprodução/ICQ
Sem melancolia, VK anuncia o encerramento do ICQ, após quase 30 anos de atividade na internet | Reprodução/ICQ

A VK, que administra o serviço desde 2010, anunciou o fim do ICQ sem alarde no site oficial do aplicativo, recomendando aos usuários que migrem para outros serviços de mensagem da empresa.

“ICQ deixará de funcionar a partir de 26 de junho. Você pode conversar com amigos no VK Messenger e com colegas no VK WorkSpace.”

Como funciona o ICQ?

Uma das primeiras versões do ICQ, no auge da sua popularidade | Reprodução/ICQ
Uma das primeiras versões do ICQ, no auge da sua popularidade | Reprodução/ICQ

Cada usuário tinha um número próprio de identificação (UIN), composto por oito dígitos, como um número de telefone, e podia ser compartilhado ou adicionado por outras pessoas que usavam o serviço de mensagens.

  • Também era possível enviar SMS e entrar em salas de bate-papo onde era possível ver a digitação em tempo real dos usuários.
  • Além disso, o ICQ possibilitava a seleção de status, como “online”, “invisível”, “ocupado” ou “offline”.
  • O modo “offline” permitia ao usuário receber mensagens, que eram recebidas quando ele se reconectava ao serviço.
  • Além do famoso gritinho “uh-oh”, quando o usuário fazia aniversário, a música “parabéns a você” era tocada.
  • O serviço tinha animações e alguns recursos visuais para deixar o ICQ mais lúdico e leve.

As versões mais recentes do aplicativo para smartphones Android e iOS eram uma mistura de WhatsApp com Telegram, com muitas figurinhas e funcionalidades semelhantes aos seus algozes.

'Nasce' israelense e 'morre' russo

Dona do ICQ, VK, sugere aos usuários que usem serviços próprios como o VK Messenger | Unsplash
Dona do ICQ, VK, sugere aos usuários que usem serviços próprios como o VK Messenger | Unsplash

Lançado em novembro de 1996 pela empresa Mirabilis, de Israel, o ICQ funcionava no Windows 95 e permitia as conversas com qualquer usuário por meio de um sistema de buscas.

ICQ significa “I Seek You” (Eu procuro você), foi lançado meses antes do seu principal concorrente, o mensageiro instantâneo da America Online (AOL).

  • Em 20 de maio de 1997, o serviço alcançou a marca de 1 milhão de usuários.
  • Em 1998, o maior provedor de internet dos Estados Unidos, AOL comprou o serviço por US$ 407 milhões, e foi um dos mais populares da internet até o início da década de 2000, quando alcançou mais de 100 milhões de usuários.
  • Nessa época, o serviço suportava mais de 2 milhões de usuários usando o mensageiro ao mesmo tempo, um feito importante na engenharia de internet.
  • Por volta de 2005, o ICQ perdeu espaço para o MSN Messenger, que já vinha instalado nos computadores pessoais (PC) com Windows, da Microsoft.
  • Em 2010, a empresa russa Digital Sky Technologies, anteriormente conhecida como Mail.Ru, dona do VK, comprou o ICQ, que tinha uma média de 42 milhões de usuários diários. O objetivo era dar uma nova vida ao serviço que era muito popular na Rússia.
  • Já em 2014, o ICQ foi relançado, mas, com a chegada de aplicativos de mensagens mais modernos e ágeis, como WhatsApp e Telegram, a popularidade desabou.
  • Então, em 2022, o número de usuários caiu vertiginosamente, passando para 11 milhões de usuários mensais.

O fim estava próximo.

Bloqueado no Brasil por pornografia infantil

O Brasil bloqueou o acesso ao ICQ em 1º de setembro de 2023, após um pedido da Justiça do Distrito Federal.

A empresa tornou-se alvo de uma operação conjunta entre a Polícia Federal, a Justiça Federal e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), após denúncias realizadas pela imprensa que indicavam que o serviço de mensagens foi usado para venda de material de pornografia infantil.

Na época, a Polícia Federal alegou que a suspensão ocorreu após diversas tentativas de contato malsucedidas com a empresa VK para tentar obter informações e pedir a remoção de grupos e canais usados para o compartilhamento de imagens e vídeos com nudez e abuso sexual de crianças e adolescentes.

A suspensão do serviço envolveu a notificação e mobilização de mais de 19 mil entidades e prestadoras de serviços de telecomunicações por meio de ordem judicial.

O ICQ já tinha sido removido da Google Play Store em 30 de junho de 2023 por violar as políticas das lojas de aplicativos, que bane o acesso a “conteúdos abomináveis que retratam abuso sexual infantil e exploração de menores”.

O acesso ao aplicativo só era possível para quem já tinha baixado antes da data da remoção.

Fim com ironia do cinema

A empresa respondeu com ironia nas redes sociais sobre seu fim usando uma icônica cena do filme O Exterminador do Futuro, onde o ator Arnold Schwarzenegger, que fazia o papel do Exterminador, fala “I'll be back” ou “Eu voltarei”.

Publicidade

Assuntos relacionados

Tecnologia
Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade