Jornalista é flagrado usando IA para criar citações e histórias falsas
Uma citação do governador do Wyoming e de um promotor local gerou desconfiança em um repórter de um jornal concorrente
O uso da inteligência artificial (IA) tem gerado impacto em vários setores da economia e também tem trazido polêmicas em algumas situações, desta vez envolvendo dois jornais no Wyoming, nos Estados Unidos.
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Tudo começou com as citações do governador de Wyoming e de um promotor local em uma reportagem sobre a caça ilegal de alces, que geraram a desconfiança do repórter do jornal Powell Tribune, CJ Baker, que achou estranha a composição das frases relatadas na reportagem do jornal concorrente Cody Enterprise, assinada por Aaron Pelczar, de 40 anos.
As frases soavam quase robóticas, o que levou o jornalista a desconfiar de que a IA havia sido utilizada para criar a história.
Além disso, outras histórias foram descobertas, como um artigo sobre um tiroteio no Parque Nacional de Yellowstone, que incluía uma frase ao final da sentença, sugerindo uma espécie de "lição de vida ou moral".
“Este incidente serve como um lembrete claro da natureza imprevisível do comportamento humano, mesmo nos cenários mais serenos”, dizia o trecho da reportagem suspeita.
Após as descobertas, Baker, que é repórter há mais de 15 anos, iniciou uma investigação, ligou para fontes para verificar as citações e percebeu que as declarações nunca haviam sido ditas. A história foi publicada no jornal onde trabalha.
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Baker relata que, posteriormente, teve uma reunião desconfortável com Pelczar e o editor responsável do Enterprise, Cris Bacon, sobre o caso.
O repórter afirmou ser inexperiente e confessou ter usado inteligência artificial em suas matérias.
Ele utilizou a IA para gerar citações de pelo menos sete pessoas que foram mencionadas, mas nunca entrevistadas.
Pelczar pediu demissão do Cody Enterprise e o jornal publicou um editorial, assinado por Bacon, no qual admitiu que "falhou em detectar" o uso da IA e as citações falsas.
“Não importa que as citações falsas tenham sido o erro aparente de um repórter novato apressado que confiou na IA. Era meu trabalho”, escreveu Bacon, que se desculpou pelo fato de a IA "ter colocado palavras que nunca foram ditas nas histórias".
Após a reunião, o Enterprise promoveu uma revisão completa de todas as histórias que foram escritas pelo jornalista nos últimos dois meses.
Sete histórias com citações de seis pessoas geradas por IA e outras reportagens estão sob revisão.
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O Cody Enterprise publicou um novo editorial, mencionando "uma curva de aprendizado" sobre o episódio ocorrido e argumentando que a IA é uma "avançada forma de plágio".
"Temos que entender que a IA é a nova e avançada forma de plágio e, no campo da mídia e da escrita, o plágio é algo que todo meio de comunicação teve que corrigir em algum momento. É a parte feia do trabalho. Mas, uma empresa disposta a corrigir (ou literalmente reescrever) esses erros é uma empresa respeitável", relata o editorial do Enterprise.
