Inteligência Artificial "ressuscita" ditador da Indonésia em campanha eleitoral
Suharto reaparece em deepfake pedindo para eleitores irem às urnas. Ex-general manteve o país em regime militar brutal por 32 anos
Cido Coelho
Morto há quase 16 anos, Hadji Mohamed Suharto, o ditador mais brutal da Indonésia, que governou o país por 32 anos, "ressucita" em uma campanha eleioral pedindo votos para os eleitores, cuja eleições para presidente serão na próxima quarta-feira (14).
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“Eu sou Suharto, o segundo presidente da Indonésia”
A fala é do ex-general morto em 2008, aos 86 anos, aparece em um vídeo que foi gerado por uma inteligência artificial que clonou a voz e o rosto do ditador.
O vídeo foi publicado em meados de janeiro pelo Partido Golkar, um dos maiores e mais antigos partidos políticos da Indonésia.
Este vídeo deepfake de três minutos acumulou mais de 4,7 milhões de visualizações no X (antigo Twitter) e se espalhou pelo TikTok, Facebook e YouTube. Apesar da publicação ter sido feita em janeiro, ela começou a viralizar nas proximidades das eleições.
O partido é um dos 18 que concorrem no pleito deste ano. Serão mais de 200 milhões de eleitores que devem ir às urnas este ano.
Segundo um dos líderes do partido, Erwin Aska, a ideia da publicação em vídeo é para lembrar da “importância dos votos nas próximas eleições”. O partido quer encorajar o apoio dos eleitores ao Golkar, partido do finado ditador.
No entanto, o Golkar, apesar de não ter candidato próprio à presidência, a agremiação política apoia o favorito no pleito, o ex-general do exército Prabowo Subianto, durante o governo militar de Suharto e também ex-genro do ditador.
Regime de Suharto foi brutal
A ditadura de Suharto durou 32 anos, sendo considerado pelas organizações de direitos humanos um dos momentos mais violentos, corruptos e brutais da história da Indonésia.
Milhares de indonésios foram presos ou mortos e críticos e opositores políticos foram calados. Além disso, seu regime se impunha diante dos países da região como Timor-Leste e Papua Ocidental.
Ao mesmo tempo, o ex-general desperta um sentimento ambíguo na população com opiniões contraditórias sobre seu legado.