Precisamos manter essência do jornalismo na era da inteligência artificial, diz professor de comunicação
Mohammad Ayish participou de um painel de discussão no Global Media Congress 2023
O professor Mohammad Ayish, do Departamento de Comunicação de Mídia da Universidade Americana de Sharjah, dos Emirados Árabes Unidos, defendeu nesta 4ª feira (15.nov) que, na era da inteligência artificial (IA), é preciso manter a essência do jornalismo "como o tipo de missão pública". A declaração foi dada durante participação no painel de discussão "O estado da educação para a mídia hoje", no Global Media Congress 2023, em Abu Dhabi.
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Ayish ressaltou que há um lado positivo da IA no jornalismo, pois ela pode verificar a autenticidade das notícias e imagens. "Mas a questão é que vemos realmente um novo tipo de tendência, em que os estudantes estão misturando o jornalismo com criação de conteúdo. Eles dizem 'queremos ser criadores de conteúdo'. O que é isso? Precisamos manter a ideia de jornalismo através deste tipo de transição para a tecnologia de IA. E fazer isso é um grande desafio. Precisamos que ele permaneça como está, jornalismo é jornalismo. Independentemente do tipo de plataforma que você está perdendo aqui. Os alunos gostariam também de ser influenciadores".
Ele prosseguiu: "Há uma mudança de cultura aqui. Mudança de mentalidade. O que não tenho certeza sobre as implicações para o estudo do jornalismo e para o ensino do jornalismo. É algo que precisa ser investigado e discutido mais profundamente. Então, de que tipo de jornalismo precisamos realmente nesta era da IA? Ele não morrerá. Vai ficar, vai estar por perto".
Segundo o professor, a sociedade verá o jornalismo continuar durante esse período de transição. "Mas que tipo de formato? Que tipo de escopo? Que tipo de substância? Que tipo de personagem? A identidade. Tudo isto está sujeito a mudanças e precisamos garantir que mantemos a essência do jornalismo como o tipo de missão pública, para servir a comunidade e informar, e para manter a comunidade informada sobre as coisas de forma objetiva e precisa. Não é responsabilidade apenas da universidade, mas também da comunidade profissional".
Ainda durante a participação no painel, ele afirmou que é preciso educar os professores e os instrutores de universidades sobre a IA "e como ela pode ser usada de uma forma positiva e construtiva para promover o jornalismo e outros formatos de comunicação".
A discussão foi mediada por Adrian Wells, diretor-gerente da Enex. Participaram dela também o vice-diretor da Escola de Estudos de Comunicação da Universidade de Tecnologia de Auckland, Dafydd Sills-Jones, e o diretor do Gabinete Internacional da Universidade de Comunicação da China, Dandan Zhong.