Garimpeiros ilegais na Amazônia usam kits de internet da Starlink
Ibama e PRF apreenderam até maio 11 antenas que forneciam o serviço em território Yanomami
Cido Coelho
O Ibama, em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, tem realizado operações contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Nstas ações, os agentes têm apreendido armas, munição, balanças, motosserras, helicópteros e escavadeiras. No entanto, um equipamento chamou a atenção dos agentes federais: 11 kits de acesso à internet Starlink. Estas antenas estavam sendo usadas para fornecimento de internet para os garimpeiros da região.
+ Leia as últimas notícias de Tecnologia
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
O Starlink é a empresa de internet do bilionário Elon Musk, que fornece conexão em alta velocidade, em áreas remotas, por meio de uma constelação de minissatélites que orbitam o planeta.
Segundo o portal Brasil de Fato, este serviço estava sendo revendido para os garimpeiros ilegais em grupos de WhatsApp, em Roraima, ao custo de até R$ 9,5 mil, ou seja, quatro vezes mais que o preço cobrado no site da empresa.
A mensalidade também estava inflacionada, e os mineradores tinham de pagar até R$ 2,5 mil para manter o serviço conectado -- custando até 10 vezes mais que a tarifa básica oferecida pelo Starlink.
Entre fevereiro e maio deste ano, o número de kits encontrados com os exploradores subiu de 2 antenas para 11, segundo o Ibama, que reforça que segue atuando de forma contínua na região.
"Cabe esclarecer que os fiscais do instituto atuam de forma contínua na região, desde fevereiro deste ano, por meio da aplicação de penalidades administrativas previstas no decreto nº6.514/2008, como embargo, multa e apreensão de produtos e equipamentos relacionados às infrações identificadas", explica nota da autoridade ambiental.
O Ibama estuda com outros órgãos federais o bloqueio do serviço nas áreas de mineração ilegal.
A agência de notícias Associated Press também publicou reportagem falando destas operações na região, no qual, agentes também encontraram equipamentos de internet via satélite da ViaSat.
A ViaSat foi perguntada ao jornal Folha de S. Paulo, que disse em nota que o serviço era usado somente de forma legal e que mantinha uma parceria com a Telebras para levar a internet para o povo Yanomami.
"Recentemente o Ministério das Comunicações anunciou, em ação conjunta com a Viasat e a Telebras, o uso das antenas móveis de conexão banda larga via satélite para levar internet ao povo Yanomami, com o intuito de apoiar o atendimento médico à população e as ações emergenciais de enfrentamento à situação de saúde pública."
Washington Post, Bloomberg e outros veículos de imprensa mundo afora repercutiu as operações apontando Elon Musk como provedor de internet para os "criminosos" na Amazônia brasileira.
"Precisamos dessa conectividade para monitorar a Amazônia", disse Musk
Em maio do ano passado, Elon Musk esteve no Brasil para se encontrar com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), em Porto Feliz (SP) para falar sobre o uso do serviço Starlink para toda a região amazônica.
"Sobre proteger a Amazônia, temos que usar os dados, porque a Amazônia é gigantesca. Se você tentar fazer um monte de fotos e vídeos para entender o que esta acontecendo, a quantidade de dados a ser transmitida será enorme, então, precisamos dessa conectividade para monitorar a Amazônia efetivamente", disse.
A promessa na época que o serviço estaria disponível para o monitoramento da Amazônia e que 19 mil escolas em áreas rurais seriam conectadas à internet. No entanto, apenas três escolas foram conectadas até então.
Super excited to be in Brazil for launch of Starlink for 19,000 unconnected schools in rural areas & environmental monitoring of Amazon! ?? ? ? ??
? Elon Musk (@elonmusk) May 20, 2022