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Tecnologia

Futuro da Mídia: O que é FAST TV?

Daniela Souza é conselheira da SET e fala sobre a tecnologia de televisão no streaming

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imagem da conselheira da set daniela souza, segurando um microfone em um estande do sbt no evento set 2022
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Agora será possível 'zapear' por canais na internet. Daniela Souza é conselheira da SET fala para o SBT News sobre a FAST TV, a nova tecnologia de televisão, que assim como os canais analógicos, permite  'zapear'  na busca por conteúdos interessantes em uma plataforma com canais digitais integrados com a Smart TV. Confira abaixo na entrevista e saiba mais desta novidade.

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SBT News -- Vamos começar exatamente desse ponto? Você define para nós o que é a FAST TV?

Daniela Souza -- Todo mundo vem percebendo que o volume de plataformas de streaming que a gente tem a disposição para assinar cada dia cresce. Hoje tem a Netflix, tem a Disney, tem a HBO [Max], entre tantas outras.

E, por isso, começou a ter um movimento nos Estados Unidos, principalmente acelerado pela pandemia, de que você tem tantas opções de assinatura, que na realidade a conta começou a ficar bastante alta no final do mês.

Então, surgiu o movimento chamado FAST que significa 'Televisão Grátis Suportada por Streaming e Publicidade' (Free Ad-Supported Streaming TV), através de televisões conectadas, as famosas Smart TV, -- como no caso da Samsung, LG entre tantas outras, essas empresas eram só fabricantes de eletrônicos, dessa tela que você consumia ou de um aparelho de celular.

"Agora percebem que existe um modelo de negócio que elas poderiam começar a participar, que é começar a carregar canais em que ela entrega para a população um canal via streaming gratuitamente, mas que o canal passa a ser suportado por publicidade". 

Ou seja, as pesquisas mais recentes apontam que as pessoas estão dispostas a economizar dinheiro pagando menos assinaturas e aceitando que a publicidade possa invadir o mundo do streaming.

Recentemente a própria Netflix anunciou que para ela poder sustentar o negócio dela, além do modelo de assinatura, ela também vai começar a inserir publicidade no conteúdo dela. 

"Porque é uma forma desse negócio de poder 'parar em pé', em função dessa concorrência que existe globalmente".

SBT News -- Devo entender que em troca daquele sinal que chega gratuitamente na casa da pessoa, que teria que ser por assinatura, teria que ser pago à empresa que transmite esse sinal. Agora, recebe em troca o espaço publicitário?

Daniela Souza -- Na realidade existem vários modelos de negócio, mas, o que vai suportar essa entrega de um conteúdo gratuito assim como acontece na TV aberta a décadas é a publicidade. 

A diferença é que você teria, digamos assim, uma certa conveniência com alguns mundos. Exemplo: você terá uma multiplicidade de canais como a TV paga te entregava ou te entrega até hoje. Você receberá o conteúdo gratuitamente como a TV aberta te entrega. 

Você recebe isso via streaming. Não é uma TV, é pelo ar... Mas, é claro que quando a gente olha pro mercado americano, ele é um mercado mais maduro, nesse processo.

Quando a gente vem para América Latina, especialmente o Brasil, o país tem uma característica bastante diferente, porque basicamente a TV aberta está presente em 100% dos lares. Então, acho que é uma onda que começa a acontecer. 

"Não quer dizer que uma coisa vai substituir a outra hipótese alguma. Mas é um tipo de convivência, no modelo de distribuição, digamos assim". 

Assim como a gente começou a aceitar o YouTube como estamos aqui agora, assim como a gente está acostumado com a TV aberta, a TV paga, as assinaturas como Netflix, é mais uma oportunidade de você poder entregar conteúdo de uma maneira é bastante convencional, eu diria.

FAST TV proporciona uma entrega de diversos canais de conteúdo em uma televisão Smart | SBT News

SBT News -- Os produtores de conteúdos Netflix, Disney, Star+ da vida aceitaram isso? No começo, deve ter sido uma troca de farpas?

Daniela Souza -- Se a gente for lá atrás mesmo, quando tudo começou, tem uma coisa interessante e a gente pode sempre usar a Netflix como modelo.

"O Netflix foi o disruptor desse mercado porque foi a primeira empresa que começou a entregar conteúdo via streaming, através de um modelo de assinatura". 

Deixou de entregar a locação dos DVDs que a gente fazia nas locadoras, até então para a gente poder ter streaming naquela época. A Disney, como exemplo que você citou, ela licenciava o conteúdo dela ou parte do conteúdo para Netflix. Por quê? 

Porque ela queria entender se esse mercado ia alavancar, ia crescer ou não. O que aconteceu? Assim que a Disney percebeu que o mercado começou a amadurecer, ela resolveu romper o contrato que tinha com a Netflix e outros distribuidores via streaming e criar sua própria plataforma -- que foi o Disney Plus. 

"A Netflix em contra-partida, percebendo esse movimento, ela começou a investir bilhões de dólares na produção de conteúdo próprio. Então, olha como a indústria foi se movendo". 

Aí entrou uma Amazon Prime, que comprou a [produtora de cinema] MGM recentemente. Essa indústria do conteúdo e da distribuição vem passando por um modelo forte de transformação. 

Aqui na SET [Expo] teve um painel que participei, era o seguinte: "Streaming, as placas tectônicas continuam se movendo". Porque a placa tectônica é como se você rompesse essas barreiras que são muito robustas, como na TV tradicional ou no modelo de TV paga. 

É uma movimentação da indústria. Você perguntou: a Disney tá aceitando esse movimento?  Ela tá entendendo que é mais uma oportunidade para ela que vai continuar tendo a plataforma de subscrição. 

A Disney já disse que vai, na plataforma dela, aceitar também publicidade e pode ser, sim, que ela tenha interesse de programar alguns canais diferentes daquilo que ela tem na biblioteca dela para entregar em televisores conectados. Ainda não aconteceu. 

Daniela Souza fala sobre tecnologia de televisão por streaming FAST TV | SBT News

SBT News -- O nome desse painel me chamou muita atenção e penso que forças da natureza são irresistíveis do mesmo jeito que você menciona que a Disney experimenta, porque ela sabe que não tem volta. Ela sabe que o rumo é este para o negócio [mídia] e para o avanço da tecnologia, não é isso?

Daniela Souza - Ela e as demais e acho que mesmo essas grandes que têm um domínio global. Estão presentes em todos os países e são investimentos na produção de conteúdo, investimentos massivos de milhões ou bilhões de dólares. 

Acho que todos estão tentando encontrar modelos de apoio a sua estrutura de monetização.

"Não existe jeito mais na indústria de você ganhar dinheiro sozinho. Você passa a ganhar dinheiro através de um modelo de compartilhamento ou colaboração. Então, é como se fosse as placas tectônicas se realinhando, uma repactuação dos modelos de negócio".

SBT News -- Não é mais 'um ou outro', mas 'um e outro' exatamente?

Acho que até o Roberto Franco, que é do SBT, e também participou da SET [Expo], ele trouxe uma expressão no painel que ele liderou que é o futuro da TV que ele usou. 

Exatamente isso, o 'e'. Ele falou e acho que o 'e' é algo fundamental é na coexistência, né de todos esses modelos. 

SBT News -- Você falou do mercado americano mais maduro, em que medida depende muito também da característica cultural de cada sociedade consumidora. A diferença nos Estados Unidos com relação ao Brasil tende a ser maior lá do que aqui. Vamos absorver mais o modelo?

Daniela Souza -- Olha, eu acho que existe uma questão de estatística. Aqui teve uma apresentação da Kantar Ibope em que ela trouxe um número muito significativo, acima de 50%, que é o tempo que o brasileiro consome vídeo online.

"O vídeo online não quer dizer que é só no celular ou que é só no computador. O vídeo online também pode ser na TV conectada". 

Existe uma tendência forte para que esse movimento ele se propague, até porque agora com chegada de Copa do Mundo, há um movimento muito forte de venda de aparelhos. 

E todos os novos aparelhos que serão vendidos no Brasil assim como no mundo inteiro eles já são Smart significa que eles têm a oportunidade de estarem conectados na internet. 

"Agora, é claro que quando eu falei do mercado mais maduro, americano, é porque lá você já tem 300 canais em plataforma FAST ou até mais. Aqui no Brasil, a gente tem ainda pouca oferta de canais".

Assim que digamos esse grupo, esse ecossistema perceber que é o movimento natural e que todo mundo pode começar a curar ou programar seus novos canais, dentro desse modelo, acho que a audiência naturalmente chega.

E consequentemente o modelo que sustenta essa operação, que é a publicidade através de mídia programática, que não é uma publicidade convencional, será igual para a oportunidade do Google.

Se você abrir uma tela agora e eu abri a mesma, você receberá um tipo de publicidade, eu vou receber outro em função dos nossos interesses. Então, esse é o modelo que vai tende a sustentar esse tipo de distribuição.

Para Daniela Souza, o Brasil ainda tem muito mercado para desenvolver com a tecnologia FAST | SBT News

SBT News -- Esse ramal da publicidade, além de trazer economia no sentido de que não há publicidade praticamente desperdiçada, não vão enviar para você um conteúdo que você não absorve, também já era negócio. Para a economia girar é um prato cheio?

Daniela Souza -- Acho que as marcas que usam ali parte da sua verba publicitária para promover seus produtos, seus serviços, elas tentam cada vez mais terem estratégias, digamos assim, completas.

Se você quer fazer um lançamento de um produto, o lançamento de uma estratégia a TV aberta, ela tem uma relevância muito grande.

É o que a gente chama de awareness, de reconhecimento, de uma estratégia. Quando você vai para mídia programática para essa estratégia é o mais tele-guiados, como um míssil teleguiado...

Esse modelo que pode ser dentro do YouTube, pode ser dentro de um aplicativo e nas TVs conectadas através do FAST, as marcas claro, elas têm interesse nisso.

Desde que haja a audiência e um perfil de potenciais, certamente parte da verba vai para essa tecnologia.

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Produção e entrevistas por Cido Coelho e Guto Abranches
Edição de imagens: Cézar Camilo
Edição por Cido Coelho

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