Portugueses protestam contra gastos do governo com evento religioso
Jornada Mundial da Juventude começa nesta 3ª feira no país

Anna Ferreira
Começa nesta 3ª feira (1°.ago), em Lisboa, a Jornada Mundial da Juventude, que contará com a presença do Papa Francisco. A visita acontece em meio a protestos contra os gastos do governo português para a realização do evento.
Os manifestantes chegam a pé e abrem o tapete com ilustrações de notas gigantes de 500 euros nas escadas do altar construído especialmente para as celebrações do papa durante a jornada mundial da juventude.
As imagens foram compartilhadas pelo artista plástico Bordalo II em crítica aos gastos públicos do governo português com o evento, estimados em 30 milhões de euros - o equivalente a mais de R$ 155 milhões. Nos arredores, pichações e cartazes criticavam também os abusos cometidos por sacerdotes contra menores e que, na visão de muitos portugueses, nunca foram investigados seriamente pelo Vaticano.
Nas redes sociais, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, respondeu o protesto com um vídeo em que ele coloca outro tapete no altar: o que dá as boas-vindas ao pontífice e à multidão que deverá lotar o local ao longo dos próximos dias.
O papa vai desembarcar em Portugal na próxima 4ª feira (2.ago) e ficará até domingo (6.ago). Médicos, professores e profissionais do transporte público já anunciaram que vão aproveitar a presença de Francisco para fazer greve e manifestar os problemas em suas categorias.
Os portugueses reclamam da alta da inflação e do elevado custo de vida no país, mas tem quem aproveita a visibilidade da chegada do papa para criar novas oportunidades, como esta confeitaria que criou um biscoito com o rosto do líder católico e espera aumentar as vendas nos próximos dias.
"Há naturalmente a esperança de um enorme retorno financeiro, não só agora, com os milhares de jovens que estão a chegar e que vão ficar ao longo da semana em Lisboa e em outras cidades também portuguesas", afirma a jornalista Rita Rodrigues.
Ao todo, são esperados até 1,5 milhão de jovens. Só da vizinha Espanha são cerca de 80 mil fiéis, que enfrentam as altas temperaturas registradas na Europa para acampar e conseguir um bom lugar perto do papa.