Procurador que defendeu "obrigação sexual das mulheres" será investigado
Em e-mails aos colegas, Anderson Santos também classificou o feminismo como um "transtorno mental"

Gudryan Neufert
A Corregedoria do Ministério Público Federal vai investigar o procurador Anderson Santos por declarações consideradas machistas em uma troca de e-mails com colegas.
Em uma das mensagens, Anderson defende a "obrigação sexual das mulheres no casamento". No texto, ele cita a bíblia e diz que "a esposa que não cumpre o débito conjugal deve ter uma boa explicação, sob pena de dissolução da união e perda de todos os benefícios patrimoniais.
"Isto aqui é a lei. Claro que, se você é casado, você tem o dever de coabitar e manter relações sexuais", ele acrescenta.
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Em outro e-mail, o procurador da República associa o feminismo a um "transtorno mental". "A feminista, normalmente, é uma menina que teve problemas com os pais no processo de criação e carrega muita mágoa no coração. Acredito que, daqui a algum tempo, deverá existir um CID - que é a classificação internacional de doenças - para esse transtorno mental", ele escreve.
As mensagens foram encaminhadas em um correio interno para mais de 1.200 procuradores e subprocuradores do Ministério Público Federal e causaram polêmica. Ao menos 3 representações contra Anderson Santos foram feitas na Corregedoria do próprio MP, que vai apurar o caso.
Em entrevista ao SBT, Anderson Santos também comentou sobre o aborto. O procurador alegou, sem apresentar provas, que os dados de estupro no Brasil dispararam porque muitas mulheres alegam ter sido abusadas para terem direito à suspensão da gravidez.
"Desconfia-se que tem muita gente fazendo sexo sem proteção, engravidando, e indo até lá, dizendo: olha, eu fui estuprada".
De acordo com o procurador, atualmente, há duas linhas de pensamento dentro do Ministério Público: uma progressista e outra conservadora. Para o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Ubirattan Cazetta, o órgão está sim polarizado, porém, os procuradores devem defender uma linha única: a que está na Constituição. "É reconhecer que a sociedade tem diversos talentos, diversos grupos que precisam ser defendidos. E isso é uma decisão do Ministério Público Federal".
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