Teste do Pezinho: Exame completo ainda não está disponível em todo país
Versão ampliada do teste é capaz de detectar, já nos primeiros dias de vida, 50 tipos de enfermidades
Solange Boulos
São poucos dias de vida e, para a mãe, uma ansiedade sem fim. O teste do pezinho feito no bebê, ainda na maternidade, apontou uma alteração hormonal no pequeno Miguel. Maciely foi avisada por telefone. "Ele já nasceu prematura, nasce de 34 semanas, então preocupa a gente. Aí eu vim, mas espero que esteja tudo bem", diz a mãe.
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A urgência em refazer os testes tem motivo. "Essa alteração pode causar uma desidratação bastante grave, que pode evoluir para óbito, então é muito importante fazer esse diagnóstico precoce e as intervenções necessárias para salvar a vida da criança", indica a coordenadora do laboratório, Sônia Hadachi.
A alteração só foi detectada no Miguel porque ele passou pelo chamado "teste do pezinho ampliado". Apesar da lei, sancionada em maio do ano passado, que prevê que, em vez de 6, sejam analisadas 50 possíveis doenças, na prática, apenas 3 estados oferecem o serviço.
É o que explica o professor do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Roberto Giugliani. Segundo o geneticista, somente algumas cidades de São paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal dão acesso ao teste ampliado pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.
Apesar de o prazo para regulamentação da lei ter vencido no mês passado, o Ministério da Saúde diz que a implementação em todo o país ainda será feita por etapas, serão 5 até que a cobertura chegue às 50 doenças. Roberto Giugliani destaca a urgência e a importância de se tirar a lei do papel.
"Vale a pena destacar, porque existe tratamento e benefícios de se identificar precocemente, antes que o sintoma apareça. São todas doenças raras, algumas que falamos com uma frequência não tão rara, de 1 para 5 mil nascimentos, como atrofia muscular espinhal. A doença é rara, mas naquela família, ela é a doença mais importante do mundo, e nós tempos que dar essa atenção", acrescenta o geneticista.
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