Último manicômio do Sistema Único de Saúde no Rio fecha as portas
Desde a morte de 15 pacientes o Ministério Público investigava o local, que fica na região serrana fluminense
No dia 8, o último manicômio conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS) fechou as postas. A morte de 15 pacientes ao longo de 2023 levou o Hospital Psiquiátrico Santa Mônica, em Petrópolis, na região serrana fluminense, ser monitorado e investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Segundo o MPRJ, um relatório de 2022 mostrou que o hospital atendia a 154 pacientes, dos quais 97 estavam internados havia dois anos. Quarenta e sete deles estavam na unidade entre dez e 25 anos.
A unidade, de acordo com a investigação, não respeitava os direitos das pessoas internadas nem oferecia os serviços de saúde mental necessários.
A prefeitura de Petrópolis afirmou que os últimos 29 pacientes internados, e que não haviam sido reinseridos em suas famílias, foram encaminhados para residências terapêuticas na cidade.
A presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), Ana Paula Guljor, disse que ainda há hospitais psiquiátricos com internações no Rio, mas que o Santa Mônica era a última grande instituição com lógica manicomial no estado.
Guljor, que é também pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, acrescentou que os manicômios são estruturas caracterizadas por internações de longa permanência, ou seja, de mais de dois anos de duração, e onde as singularidades dos pacientes não são respeitadas.
Para ela, as residências terapêuticas, uma das opções para receber os pacientes saídos dos manicômios, precisam ser vistas como parte de um sistema de reinserção dessas pessoas na sociedade.
Petrópolis possui 12 residências terapêuticas, moradias assistidas com cuidados de saúde mental voltadas para os pacientes. Além disso, a prefeitura informou que inaugurou um novo Setor de Psiquiatria no Hospital Municipal Nélson de Sá Earp, que é referência no atendimento de emergência em Saúde Mental, com 11 leitos.