Tratamento inédito com células-tronco faz homem com paralisia ficar em pé sozinho
Conduzido pela Universidade Keio, no Japão, estudo representa nova esperança para pessoas com lesões graves na medula espinhal; entenda

Wagner Lauria Jr.
Um paciente com paralisia devido a uma lesão medular conseguiu ficar em pé sozinho e dar seus primeiros passos após ser submetido a um tratamento inédito com células-tronco.
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O estudo foi conduzido pela Universidade Keio, em Tóquio, Japão. Segundo pesquisadores, os resultados representam uma nova esperança para pessoas com lesões graves na medula espinhal.
Até o momento, a aplicação foi feita em quatro pacientes. A primeira em dezembro de 2021.
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Depois disso, o Hospital Universitário da universidade japonesa tornou-se o primeiro no mundo a transplantar com sucesso células-tronco neurais derivadas de células de doadores (entenda mais abaixo).
Como o estudo foi feito?
O objetivo foi desenvolver uma terapia baseada em células-tronco reprogramadas e aconteceu da seguinte forma: as células são inicialmente retiradas de tecidos adultos e reprogramadas para um estágio semelhante ao embrionário, o que permite que se transformem em diferentes tipos celulares, como os neurônios e as células gliais, essenciais para o funcionamento do sistema nervoso.
Em 2022, o estudo começou a ser testado em pacientes com lesões medulares severas e permanentes, condições para as quais ainda não existem tratamentos eficazes. Quatro pessoas participaram da pesquisa, e cada uma recebeu injeções de dois milhões de células precursoras neurais, derivadas de células de doadores, diretamente no local da lesão.
Todos eram homens adultos, dois deles com mais de 60 anos. Dois dos pacientes apresentaram progressos significativos.
Um deles conseguiu ficar em pé e já começou a ensaiar os primeiros passos, enquanto o outro conseguiu recuperar o movimento dos braços e pernas, algo que antes era impossível para ambos.
"Quando falamos sobre 'regeneração', estamos falando sobre fazer algo 'ocorrer novamente'. Dessa forma, podemos restabelecer circuitos neuronais interrompidos ou suplementar axônios com células gliais (do sistema nervoso central) e restabelecer bainhas de mielina. Podemos pegar pele danificada, reparar sua estrutura e restaurar sua funcionalidade", explica o principal autor do estudo, Hideyuki Okano
Os outros dois pacientes não apresentaram melhoras no quadro, mas também não foram registrados efeitos colaterais, o que sugere que a terapia é segura, mesmo nos casos em que não houve o progresso esperado, segundo os pesquisadores.