Peeling de fenol: Cremesp vai recorrer de decisão da Anvisa que proíbe uso de substância
Conselho alega que proibição é importante para a segurança das pessoas, mas restringe realização de procedimento por profissionais capacitados
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) informou, nesta terça-feira (25), que vai recorrer na Justiça Federal da decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que decidiu pela proibição temporária da venda e uso de substâncias químicas à base de fenol em procedimentos estéticos e de saúde, mesmo para quem for médico.
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"Embora seja um passo importante para garantir que pessoas não habilitadas adquiram a substância e coloquem em risco a segurança da população, como estava ocorrendo até então, acaba cerceando o direito de que profissionais capacitados e habilitados, no caso, os médicos, realizem procedimentos com fenol, o que, na visão do Cremesp, é incabível.", disse a nota do Cremesp
O Conselho vai pedir à Agência que o uso do fenol em procedimentos seja permitido apenas para médicos.
A resolução 2.384/2024, da Anvisa, proíbe também a importação, fabricação, manipulação e propaganda dos produtos, mas é cautelar, com "o objetivo de zelar pela saúde e integridade física da população brasileira".
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"Até a presente data, não foram apresentados à Agência estudos que comprovem a eficácia e segurança do produto fenol para uso em tais procedimentos", informou a Agência.
A Anvisa também informou que a determinação ficará vigente enquanto são conduzidas as investigações sobre os potenciais danos associados ao uso da substância química.
Médico afirma nunca ter tido problema com procedimento
O médico especializado em peeling de fenol, José Kacowicz, disse que já realizou mais de 10 mil procedimentos com a substância e nunca teve problema.
Para o especialista, a Anvisa está cumprindo seu papel de dar uma resposta pública a um fato grave, mas deve separar os profissionais capacitados, daqueles que não podem realizar um procedimento que deveria ser exclusivo dos médicos.
"É preciso separar médicos que adotam todas as medidas necessárias para a realização do procedimento e com todo o monitoramento de saúde do paciente, daqueles que fazem cursos on-line e realizam o peeling de fenol em qualquer lugar", completa Kacowicz.
O que é e quais são os riscos do peeling de fenol?
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) ressalta que o procedimento é revolucionário, já que produz "resultados incomparáveis a qualquer outro método esfoliativo químico, mecânico ou a laser, oferecendo um resultado intenso de renovação da pele e estímulo de colágeno". Mas pode ser arriscado se não receber a indicação e aplicação adequadas e, também, caso alguns cuidados não sejam tomados.
É importante entender que o peeling é um procedimento dermatológico, conhecido popularmente como "troca de rosto", feito com a utilização de outras substâncias químicas além do fenol. Ele pode ser superficial, médio ou profundo. No caso do fenol, as soluções Baker e Hatter são as que atingem as camadas mais profundas da pele, de acordo com a dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Tatiana Steiner.
A principal indicação do procedimento é para o tratamento de peles muito envelhecidas, ou seja, com rugas profundas e flacidez, além de acnes profundas.
"Temos alertado para os males à população causados por não médicos desde 2018. A situação chegou a tal ponto que a Justiça precisa receber as informações técnicas e jurídicas a fim de evitar as tragédias atuais", afirma Angelo Vattimo, presidente do Cremesp.