Pão industrializado faz mal? Produto está presente em mais de 95% dos lares, aponta Abimapi
No Dia Mundial do Pão, nutricionista explica como incluir alimento de forma saudável na alimentação

Caroline Vale
No Dia Mundial do Pão, celebrado nesta quinta-feira (16), também Dia Mundial da Alimentação, o mercado tem motivos para comemorar. Segundo dados de junho deste ano do Worldpanel by Numerator, encomendados pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães Industrializados (Abimapi), os pães industrializados estiveram presentes em mais de 95% dos lares brasileiros, um aumento de 5,7% em relação a 2024.
O levantamento também aponta que o consumo do produto cresceu entre os mais jovens: lares de até 29 anos registraram alta de 2,1%, enquanto os de 30 a 40 anos aumentaram 1,4%. Já entre os consumidores com mais de 50 anos, houve queda de 2,5%. O destaque vem das classes C e D/E, que ampliaram o consumo em 4,1%, enquanto a classe A/B reduziu 3,5%.
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Mas, afinal, pão industrializado faz bem ou mal?
Ao SBT News, Bianca Naves, nutricionista pela PUC Campinas, explica que o pão não deve ser visto como vilão da alimentação. O alimento básico e versátil faz parte da dieta de milhões de pessoas no mundo.
"Pão e macarrão, quando escolhidos nas versões integrais, fortificadas e até com proteínas, são fontes importantes de energia, vitaminas, minerais e, principalmente, fibras, especialmente se equilibrados com outros grupos alimentares", afirma.
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As fibras, segundo ela, promovem saciedade e ajudam no controle glicêmico, contribuindo para o equilíbrio da dieta. "O carboidrato de qualidade tem um papel fundamental que vai além da energia, já que sustenta a saúde intestinal e o bem-estar mental", destaca Bianca.
Ela explica que as fibras prebióticas, presentes nos cereais integrais e leguminosas, alimentam as bactérias benéficas do intestino, garantindo equilíbrio da microbiota. "Além disso, os carboidratos estimulam a síntese de triptofano e serotonina, neurotransmissores ligados ao bem-estar e ao humor, fatores cruciais para a adesão à dieta saudável no longo prazo", explica.

Como incluir o pão de forma saudável na rotina?
Para aproveitar os benefícios, a dica da nutricionista é inserir o pão no contexto de uma refeição completa e equilibrada. "Rejeitar grupos alimentares centrais em nossa cultura, como o pão, não só compromete a ingestão de nutrientes importantes, mas também torna a dieta insustentável e a adesão muito mais difícil", alerta.
Bianca sugere combinações simples e nutritivas, como pão integral com ovos mexidos, queijo e vegetais, como tomate, alface ou rúcula; ou macarrão integral com frango e legumes, como abobrinha, brócolis e cenoura.
O pão industrializado, portanto, quando escolhido com atenção aos rótulos, priorizando versões integrais, com menos sódio e açúcar, pode fazer parte de uma alimentação equilibrada.
Mercado em alta
"A categoria está em um momento de crescimento, impulsionado pelo preço e pela busca por conveniência, especialmente pelas classes emergentes e jovens", avalia Claudio Zanão, presidente executivo da Abimapi.
De acordo com a Cesta Abimapi/NielsenIQ, até junho, o setor registrou crescimento de 7,8% em faturamento, atingindo R$ 8,3 bilhões, e alta de 3,5% em volume, somando 400 mil toneladas. Os pães de hambúrguer e hot dog ganharam espaço, com aumento de 1,3% em volume.
Regionalmente, o Sul e o canal atacarejo (cash & carry) puxaram o crescimento, impulsionados pela busca por praticidade e preço competitivo. Em ambos, o pão de forma comum foi o destaque, ampliando participação de 62,9% para 65,7%, enquanto o integral caiu de 37,1% para 34,3%.