Nossa personalidade pode ter influências genéticas? Entenda
Maior estudo sobre o tema envolveu quase 700 mil participantes e também fez associações de alguns traços com depressão e ansiedade
Pesquisadores da Universidade de Yale, nos EUA, identificaram novos genes ("sítios genéticos") associados aos cinco principais traços de personalidade da psicologia: extroversão, abertura (para novas experiências), amabilidade (tendência a ser compassivo e respeitoso), neuroticismo (maior sensibilidade à instabilidade emocional) e conscienciosidade (pessoas mais cuidadosas e diligentes).
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O estudo, realizado com dados do Million Veteran Program dos EUA, envolveu uma análise de associação genômica ampla (GWAS), direcionado para identificar se uma variante genética está associada a uma característica de personalidade.
Os pesquisadores combinaram dados com pesquisas anteriores e, com isso, os cientistas conduziram a maior meta-análise de GWAS sobre traços de personalidade já realizada, envolvendo quase 700 mil participantes.
“Estamos avançando na compreensão de quais variantes genéticas estão realmente relacionadas a traços de personalidade”, afirmou Daniel Levey, professor assistente de psiquiatria na Escola de Medicina de Yale e principal autor do estudo.
Apesar dessas descobertas significativas, Levey enfatiza a necessidade de amostras ainda maiores e mais diversas para aprofundar a compreensão das variações genéticas e seus efeitos.
“O aumento do tamanho da amostra e a inclusão de uma população mais diversificada são essenciais para definirmos com mais precisão a relação entre essas variantes genéticas e os traços de personalidade”, explicou Levey.
Estudos genéticos atuais têm sido predominantemente realizados com indivíduos de ascendência europeia.
Neurotiscimo, depressão e ansiedade
Além de investigar os traços de personalidade, a equipe também analisou as correlações genéticas entre esses traços e várias condições de saúde mental. Os pesquisadores encontraram uma forte sobreposição entre neuroticismo, um traço de personalidade marcado por sentimentos negativos, e condições como depressão e ansiedade, enquanto a alta amabilidade estava associada a uma menor propensão a essas condições.
Essas associações oferecem uma confirmação genética para descobertas previamente estabelecidas na psiquiatria.
Quais são as perspectivas?
“Embora a genética não esteja sob nosso controle, entender melhor nossos traços de personalidade pode ajudar a identificar riscos à saúde mental e desenvolver estratégias de enfrentamento eficazes”, Priya Gupta, uma das autoras do estudo.
Levey adverte, no entanto, que a relação entre genética e personalidade não é fixa ao longo da vida. “A personalidade pode mudar com o tempo, e as variações genéticas identificadas não determinam um destino imutável”, afirmou.
Levey acredita que futuras pesquisas sobre personalidade poderão ser utilizadas para o tratamento precoce de problemas de saúde mental. Identificar traços de personalidade predispostos a condições mentais pode oferecer uma oportunidade para intervenções precoces.
“Mesmo que identificamos associações genéticas com traços como neuroticismo, isso não significa que não possamos modificar nossas estratégias de enfrentamento para melhorar nossa saúde mental e bem-estar”, concluiu Levey.
*Com informações do Futurity