Mais da metade das brasileiras desconhece procedimentos para preservação da fertilidade
Para 47% das mulheres, a falta de recursos financeiros é o principal obstáculo aos tratamentos para engravidar
Eduardo Pinzon
Ao menos 4 em cada 10 brasileiras já receberam algum diagnóstico de doença relacionada direta ou indiretamente à fertilidade, porém, apenas pouco mais da metade delas têm algum conhecimento sobre métodos para manter sua capacidade reprodutiva. É o que revela uma pesquisa inédita do Ipec.
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De acordo com o estudo, 55% das entrevistadas desconhecem tratamentos para preservação da fertilidade ou procedimentos como congelamento de óvulos e embriões.
A enfermeira Joana Chagas está entre a pequena parcela de mulheres que não apenas conhecem como também já adotaram algum desses métodos. Aos 40 anos, ela não tem planos para engravidar, mas afirma que a decisão de congelar os óvulos dá a ela a liberdade de escolher.
"Eu nunca deixei cobranças exteriores afetarem as minhas decisões, né? Uma coisa é você querer e a outra coisa é você não poder. O congelamento vai te abrir possibilidades mais para frente", destaca a enfermeira.
Para Maria Augusta Bernardini, diretora-médica de uma multinacional da indústria farmacêutica e ciências biológicas, é preciso tornar as informações sobre esses procedimentos mais acessíveis. "Apesar do empoderamento feminino ter crescido cada vez mais, esse nível de discussão ainda está muito baixo, segundo dados da pesquisa. E é um ponto em que a gente tem muito a trabalhar, que as mulheres podem ter essa decisão consciente sobre seu futuro reprodutivo", defende a especialista.
O estudo indicou ainda que para 47% das mulheres a falta de recursos foi o principal obstáculo para o acesso a tratamentos para engravidar. Além disso, somente 20% das entrevistadas afirmam ter consultado um ginecologista sobre as possibilidades de preservação da fertilidade.
A ginecologista e obstetra Simone Mattiello alerta que, quanto antes essa conversa ocorrer, maiores as chances de um tratamento bem-sucedido. "Nós nascemos com um estoque limitado de óvulos, e esse estoque vai se esgotando à medida que a idade avança. A gente tem muito mais chances de formar óvulos alterados, que vai formar embriões alterados e, com isso, impactar na capacidade de engravidar", explica a especialista.