'Magro por fora, gordo por dentro': entenda condição perigosa que afeta também pessoas não obesas
A TOFI, na sigla em inglês, ocorre quando a pessoa tem níveis elevados de gordura visceral mesmo sem apresentar obesidade

Wagner Lauria Jr.
Um estudo recente revelou que cerca de 30% das pessoas, mesmo sem apresentar obesidade, estão com níveis elevados de gordura visceral na região abdominal do corpo, uma condição chamada de TOFI - Thin Outside, Fat Inside ("Magro por fora, gordo por dentro", na tradução livre).
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"Essas pessoas podem não parecer acima do peso ao olhar no espelho, mas metabolicamente apresentam riscos semelhantes aos de indivíduos obeso", aponta Audres Feitosa, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O levantamento foi realizado pela multinacional japonesa OMRON com 767 indivíduos que passaram por uma balança digital de bioimpedância. Desse total, cerca de 80,4% (620 pessoas) apresentam um percentual elevado de gordura visceral. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gordura visceral não deve ultrapassar 10% da gordura total do corpo.
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Dos participantes que apresentavam gordura visceral acima do recomendado, 30% não tinham obesidade.
O que causa a TOFI?
Segundo Audres, uma dieta excessivamente calórica, com altos níveis de açúcares e gorduras saturadas, como as encontradas em alguns alimentos ultraprocessados, pode desencadear esse quadro, assim como a resistência à insulina, já que quando as células não respondem bem à insulina, há um aumento da glicose e da deposição de gordura visceral, de acordo com o especialista.
Até mesmo o estresse crônico favorece o acúmulo de gordura visceral, pois os altos níveis de cortisol (o hormônio do estresse) favorecem o acúmulo de gordura na região abdominal, segundo ele. Completam a lista fatores genéticos e hormonais e o sedentarismo.
Por isso, a nutricionista clínica Thaís Galhardo recomenda a mudança de hábitos alimentares, incluindo uma alimentação saudável com fibras, além do aumento da prática regular de exercício físico.
Por que a gordura visceral é perigosa?
Essa gordura que se acumula ao redor dos órgãos viscerais (internos) é considerada particularmente perigosa porque está associada a um risco aumentado de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e outras complicações metabólicas, segundo o cardiologista.
O especialista explica que, mesmo quando o paciente não tem excesso aparente de peso, o acúmulo de gordura visceral pode ser prejudicial porque envolve órgãos como o fígado, o pâncreas e os intestinos, interferindo em seu funcionamento.
"A gordura visceral não é apenas um depósito de energia, mas libera substâncias inflamatórias e interfere diretamente no funcionamento do organismo. Quando seu volume ultrapassa 10%, os riscos cardiovasculares aumentam significativamente. Esse excesso de gordura no abdome está fortemente associado à resistência à insulina, hipertensão arterial, dislipidemia e inflamação crônica, fatores que elevam a probabilidade de infarto e AVC”, destaca Feitosa.
Como diagnosticar a TOFI?
O diagnóstico de TOFI geralmente exige exames como a bioimpedância, no entanto, em alguns casos, se houver dúvida clínica, é indicada a realização de ressonância magnética ou tomografia computadorizada, de acordo com publicação científica do Colégio Brasileiro de Radiologia.