Kaique Cerveny, noivo de Juliette, é diagnosticado com hepatite A; como doença é transmitida?
Com dor abdominal forte, cansaço e olhos amarelados, exames apontaram alterações nas enzimas do fígado do atleta

Wagner Lauria Jr.
Quando o atleta de crossfit Kaique Cerveny, noivo da cantora Juliette, começou a sentir um mal-estar persistente, não imaginava que se tratava de uma infecção viral no fígado. Treinando cerca de sete horas por dia, ele alternava entre dias normais e outros de desconforto, até que, durante uma viagem da família ao Rio de Janeiro, os sintomas se intensificaram: dor abdominal forte, cansaço e olhos amarelados.
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Levado ao hospital, fez exames que apontaram alterações nas enzimas do fígado. O diagnóstico veio dias depois: hepatite A, transmitida principalmente por água ou alimentos contaminados (saiba mais detalhes abaixo).
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"Suspeitávamos de dengue, mas os exames mostraram algo diferente. Fiquei internado e, depois de vários testes, veio a confirmação", contou Kaique, que precisou suspender temporariamente os treinos e competições, em entrevista ao Gshow.
Cerveny disse que a doença é parecida com catapora, que "pessoa pega uma vez só", e que é preciso de vacinar.
"Pegou uma vez, não pega mais. Você cria os anticorpos necessários para não pegar de novo. Depois que você pega, suas enzimas do fígado voltam ao normal. Temos que tomar vacina, eu não tomei na época", conta.
O que é a hepatite A?
A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser provocada por diferentes causas, sendo as mais comuns as infecções virais, especialmente pelos vírus dos tipos A, B e C, e o consumo excessivo de álcool ou outras substâncias tóxicas. O que muda entre elas é o agente infeccioso e a forma de transmissão.
No caso da A, é transmitida principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados, além do contato direto com pessoas infectadas e por via sexual, o vírus da hepatite A (HAV) pode ter uma incubação (intervalo de tempo até manifestar-se em forma de sintomas) entre 10 e 50 dias, e muitas vezes a infecção é assintomática.
No entanto, quando os sintomas aparecem, incluem febre, pele e olhos amarelados, náuseas, vômitos, mal-estar, dores abdominais, falta de apetite, urina escura (cor de "Coca-Cola") e fezes claras.
Já a hepatite B (vírus HBV) é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) e uma das principais formas de contaminação é por meio de relação sexual desprotegida, no entanto também há vacina para a prevenção para todas pessoas que quiserem se vacinar.
Por fim, a hepatite C (vírus HCV) é transmitida, principalmente, por objetos perfurantes e cortantes e falhas de esterilização. Apesar de não ter vacina disponível, tem tratamento por antivirais de ação direta por 12 ou 24 semanas pelo SUS.
Prevenção da Hepatite A
A vacina contra a Hepatite A faz parte do calendário infantil de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS), no esquema de 1 dose aos 15 meses de idade (podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos – 4 anos, 11 meses e 29 dias).
Além disso, a vacina também está disponível pelo SUS para pacientes com:
- Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive infecção crônica pelo HBV e/ou pelo HCV;
- Portadores crônicos do VHB;
- Coagulopatias;
- Pessoas vivendo com HIV ou aids;
- Imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora;
- Doenças de depósito;
- Fibrose cística (mucoviscidose);
- Trissomias;
- Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes;
- Transplantados de órgão sólido (TOS);
- Transplante de células-tronco hematopoiéticas (THCT);
- Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), cadastrados em programas de transplantes;
- Hemoglobinopatias;
- Asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas.
No começo de saúde, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação para usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que é o tratamento medicamentoso utilizado para prevenção de HIV. O ministro Alexandre Padilha citou a queda dos casos entre as crianças após serem vacinadas como justificativa.
"A partir do momento em que garantimos no SUS, em 2014, a ampla vacinação do público infantil, que era o público com maior risco de ter Hepatite A, a doença passou a ter uma concentração no público adulto. Os surtos descritos no país, com características semelhantes, apontam para a importância de expandir a vacinação para o público que utiliza a PrEP", ressaltou Padilha.
Apesar de existir vacina contra a hepatite A, a prevenção começa com medidas simples como: lavar as mãos antes das refeições e após usar o banheiro, consumir alimentos bem cozidos, garantir o tratamento adequado da água e acesso ao saneamento básico. Segundo especialistas, essas ações são tão importantes quanto a imunização, especialmente em áreas onde o acesso à vacina ainda é limitado.
Como é o tratamento e o diagnóstico?
A detecção é feita por exame de sangue, e não há um tratamento específico além do repouso e medicamentos que atuam no controle dos sintomas, mas com prescrição médica.
"O mais importante é evitar a automedicação para alívio dos sintomas, uma vez que o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado pode piorar o quadro", alerta o Ministério da Saúde.
A recuperação do paciente geralmente é espontânea, dependendo da resposta do sistema imunológico do paciente, segundo a Biblioteca Virtual de Saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hospitalização só indicada nos casos de insuficiência hepática aguda.