Hepatite A: entenda doença que está com alta de casos em Belo Horizonte e São Paulo
Transmitida pela ingestão de água, alimentos contaminados ou contato com pessoas infectadas, pode demorar até 50 dias para início dos sintomas

Wagner Lauria Jr.
Casos de hepatite A cresceram em pelo menos duas capitais brasileiras neste ano. No caso de Belo Horizonte, o aumento foi de 256%, de janeiro a abril, em relação ao mesmo período de 2024. Já na cidade de São Paulo, o aumento foi de 90%.
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A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser provocada por diferentes causas, sendo as mais comuns as infecções virais, especialmente pelos vírus dos tipos A, B e C, e o consumo excessivo de álcool ou outras substâncias tóxicas.
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O que é a hepatite A?
Transmitida principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados, além do contato direto com pessoas infectadas, principalmente por via sexual, o vírus da hepatite A (HAV) pode ter uma incubação (intervalo de tempo até manifestar-se em forma de sintomas) entre 10 e 50 dias, e muitas vezes a infecção é assintomática.
No entanto, quando os sintomas aparecem, incluem febre, pele e olhos amarelados, náuseas, vômitos, mal-estar, dores abdominais, falta de apetite, urina escura (cor de "Coca-Cola") e fezes claras.
A detecção é feita por exame de sangue, e não há um tratamento específico além do repouso e controle dos sintomas. A recuperação geralmente é espontânea, dependendo da resposta do sistema imunológico do paciente, segundo a Biblioteca Virtual de Saúde.
Prevenção
Apesar de existir vacina contra a hepatite A, a prevenção começa com medidas como: lavar as mãos antes das refeições e após usar o banheiro, consumir alimentos bem cozidos, garantir o tratamento adequado da água e acesso ao saneamento básico. Segundo especialistas, essas ações são tão importantes quanto a imunização, especialmente em áreas onde o acesso à vacina ainda é limitado.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) recomenda a vacinação contra a doença em situações específicas, e ela está disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No início do mês, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação para usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que é o tratamento medicamentoso utilizado para prevenção de HIV. O ministro Alexandre Padilha citou a queda dos casos entre as crianças após serem vacinadas.
"A partir do momento que garantimos no SUS, em 2014, a ampla vacinação do público infantil, que era o público com maior risco de ter Hepatite A, a doença passou a ter uma concentração no público adulto. Os surtos descritos no país, com características semelhantes, apontam para a importância de expandir a vacinação para o público que utiliza a PrEP", ressaltou Padilha.
Além disso, a vacina também está disponível pelo SUS para:
- Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive infecção crônica pelo HBV e/ou pelo HCV;
- Portadores crônicos do VHB;
- Coagulopatias;
- Pessoas vivendo com HIV ou aids;
- Imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora;
- Doenças de depósito;
- Fibrose cística (mucoviscidose);
- Trissomias;
- Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes;
- Transplantados de órgão sólido (TOS);
- Transplante de células-tronco hematopoiéticas (THCT);
- Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), cadastrados em programas de transplantes;
- Hemoglobinopatias;
- Asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas.