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Saúde

Homem come 70 cachorros-quentes em 10 minutos; quais são os riscos?

Joey Chestnut, competidor profissional de comida, participou de campeonato realizado anualmente em 4 de julho, nos Estados Unidos

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Joey Chestnut já comeu 76 cachorros-quente em 10 minutos | AP Photo/Yuki Iwamura
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Joey Chestnut, um comedor competitivo norte-americano de 42 anos, comeu 70 cachorros-quentes em 10 minuto. Ele participou do Nathan's Famous Hot Dog Eating Contest, realizado anualmente em 4 de julho nos EUA, dia da Independência do país.

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Ele não chegou a superar o próprio recorde mundial, que é ingerir 76 cachorros-quentes em 10 minutos, na competição de 2021.

Faz mal à saúde?

Embora não haja estudos clínicos amplos sobre os efeitos de longo prazo da alimentação competitiva, pesquisas pontuais e observações médicas já apontam para possíveis consequências preocupantes (veja mais abaixo).

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Isso porque o corpo humano, especialmente o sistema digestivo, não foi projetado para lidar com a ingestão de quantidades exorbitantes de comida em um curto período de tempo.

Estômago sob pressão

O estômago humano vazio tem, em média, o tamanho de um punho. Ele é dividido em duas partes principais: a porção superior, que age como um reservatório, e a inferior, que funciona como um “moedor” que processa o alimento para enviá-lo ao intestino delgado. Durante uma refeição normal, o estômago se distende para acomodar os alimentos, mas há um limite fisiológico para essa expansão.

Segundo Rafael Bandeira, gastroenterologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, demora cerca de 15 a 20 minutos para que o estômago envie um sinal ao cérebro indicando que está cheio. Ou seja, mais tempo do que o utilizado por Chestnut para devorar os 70 hot dogs.

"Portanto, ao comer rapidamente, dificultamos a transmissão desses sinais de saciedade"”, aponta o especialista.

Para conseguir suportar o volume de comida necessário em competições, os comedores profissionais costumam usar métodos de treinamento que também oferecem riscos. Entre as práticas relatadas, estão o consumo de grandes volumes de água ou de vegetais fibrosos, como repolho, para forçar a expansão do estômago. Esses métodos podem resultar em desequilíbrios eletrolíticos (excesso ou falta de certos minerais no corpo), distensão abdominal severa e até rompimento gástrico em casos extremos.

Um estudo publicado na American Journal of Roentgenology analisou os exames de imagem de um homem de 29 anos, que é competidor como Joey e mostrou que, após o consumo extremo, seu estômago se transformou em uma espécie de "saco gigantesco" preenchido por comida, ocupando boa parte da cavidade abdominal.

Foi observado também que o órgão deixou de apresentar movimentos peristálticos, ou seja, as contrações que empurram o alimento adiante no sistema digestivo, e praticamente paralisou sua função. Isso afeta o chamado esvaziamento gástrico, ou seja, a capacidade de enviar os alimentos processados para o intestino e que faz parte do processo de digestão.

Comer rápido também afeta quem não compete

Ainda que em menor escala, o hábito de comer rápido pode prejudicar a digestão de qualquer pessoa. Um estudo feito pela Universidade Hiroshima, no Japão, acompanhou 642 homens e 441 mulheres ao longo de cinco anos, identificando-os como comedores lentos, normais ou rápidos.

O resultado? 11,6% daqueles que comiam mais rápido desenvolveram síndrome metabólica, 6,5% entre os de velocidade média e 2,3% entre os mais lentos.

Outro ponto é a mastigação: mastigar pouco compromete o início da digestão, que começa na boca. Isso sobrecarrega o estômago e intestinos, tornando o processo mais lento e ineficiente.

"Mastigar corretamente ajuda a quebrar os alimentos em partículas menores, auxiliando na digestão e evitando engasgos”, ressalta Bandeira.

Bandeira aponta que comer mais rápido faz com que se consuma mais calorias em uma refeição.

Como comer mais devagar?

O gastroenterologista traz algumas dicas:

  • Reserve 20 minutos para cada refeição;
  • Esteja concentrado durante a alimentação e evite mexer no celular ou assistir TV;
  • Mastigue os alimentos cerca de 20 a 30 vezes antes de engolir;
  • Corte mais os alimentos e dê mordidas menores para ajudar a diminuir o ritmo, facilitar a mastigação e fazer com que a refeição dure mais;
  • Abaixe o garfo após cada mordida, evitando entrar em um ritmo de robô;
"Quando estiver comendo, recrute todos os sentidos para realmente notar o aroma, sabor, textura e outras propriedades sensoriais dos alimentos", finaliza.
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