Exposição a ftalatos na gestação pode afetar o cérebro do bebê, mostra estudo
Substância utilizada para tornar o plástico mais flexível é encontrada em diversos produtos; veja como identificar

Wagner Lauria Jr.
Um estudo revelou que os ftalatos, substâncias químicas presentes em uma variedade de produtos, de embalagens de alimentos a cosméticos e detergentes (veja abaixo como identificar), podem gerar um desenvolvimento neurológico anormal nas crianças expostas ao produto durante a gestação. A pesquisa foi publicada na Nature Communications, nesta quarta-feira (2).
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O estudo indica que essas alterações se dão através da exposição a esses compostos, o que pode causar alterações no metabolismo de neurotransmissores e aminoácidos essenciais para a maturação cerebral de bebês.
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Os ftalatos são aditivos amplamente utilizados para tornar o plástico mais flexível, e devido à sua onipresença em produtos de consumo diário, qualquer pessoa pode estar sujeita a uma grande exposição a esses químicos. Eles estão presentes em itens como embalagens de alimentos, produtos de higiene pessoal e até detergentes, tornando a exposição difícil de evitar.
Mais estudos são necessários
Em entrevista à CNN, os pesquisadores destacaram que o estudo apresenta algumas limitações importantes, como a ausência de dados sobre a alimentação dos participantes e sobre o tipo de parto, se vaginal ou cesariana. Fatores que poderiam influenciar de forma significativa tanto à exposição aos ftalatos quanto aos metabólitos presentes no recém-nascido.
Efeitos negativos do ftalato na produção de hormônios
Além do impacto no cérebro, os ftalatos atuam como disruptores endócrinos, interferindo na produção de hormônios, de acordo com o Hospital Albert Einstein.
Segundo o hospital, estudos anteriores já haviam associado altos níveis de ftalatos durante a gestação a alterações hormonais nos bebês, especialmente em relação a hormônios sexuais, como a testosterona. Isso pode resultar em malformações congênitas e outros problemas no desenvolvimento infantil.
Como identificar a presença de ftalato?
De acordo com a organização norte-americana Natural Resources Defense Council (NRDC), é possível identificar a presença de ftalato no rótulo dos produtos.
Veja quais são:
- BBP (butil benzil ftalato);
- DBP (Dibutilftalato): mais comumente encontrado em esmaltes;
- DEHP (Di-(2-etilhexil) ftalato): mais comumente encontrado em produtos médicos, como luvas descartáveis, tubos, cateteres e bolsas de sangue;
- DEP (Dietilftalato): mais comumente encontrado em produtos de cuidados pessoais;
- DiDP (Di-isodecil ftalato);
- DiNP (Di-isonoil ftalato): mais comumente encontrado em brinquedos e produtos de cuidados infantis, como brinquedos de banho, canudos e patinhos de borracha;
- DnHP (di-n-hexil ftalato);
- DnOP (di-n-octil ftalato).
Como evitar exposição a ftalatos?
O Hospital Albert Einstein dá sete dicas para reduzir o contato com os compostos de ftalatos. Confira:
- Prefira embalagens e recipientes de vidro ou porcelana. Além dos ftalatos, o hospital recomenda evitar plásticos que contenham BPA;
- Reduza o consumo de bebidas e alimentos armazenados em latas ou plásticos, incluindo água;
- Não aqueça nem leve ao micro-ondas alimentos e bebidas em recipientes plásticos;
- Prefira plásticos com os códigos de reciclagem 1, 2, 4 ou 5, que são considerados mais seguros;
- Consuma alimentos frescos e orgânicos, e lave bem as cascas dos alimentos com água corrente, utilizando esponja. Reduza o consumo de alimentos industrializados e embalados em plásticos;
- Opte por cosméticos neutros e sem fragrância, com poucos ingredientes, e escolha esmaltes hipoalergênicos.