Dolph Lundgren diz que "está livre" de câncer terminal; como isso acontece?
Ator de 'Rocky' e 'Os Mercenários' chegou a receber uma expectativa de vida de dois a três anos; entenda
Wagner Lauria Jr.
O ator sueco Dolph Lundgren, mais conhecido por seu papel em 'Rocky', além de sua participação em 'Os Mercenários' e 'Aquaman and the Lost Kingdom', revelou estar "finalmente livre" de um câncer antes considerado terminal.
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"Atualização de saúde – finalmente livre do câncer com gratidão e entusiasmo por um futuro brilhante. Obrigado por todo o seu apoio sempre", escreveu o ator.
Em um vídeo que acompanhava a postagem, Lundgren detalhou os desafios enfrentados ao longo do tratamento e refletiu sobre as lições aprendidas.
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"Aqui estou na UCLA, prestes a entrar para remover o último tumor morto. Como não há mais células cancerígenas no meu corpo, acredito que estarei livre do câncer", pontuou.
2 a 3 anos de vida
A luta do ator contra o câncer foi divulgada em 2023, durante uma entrevista ao programa In Depth with Graham Bensinger. Lundgren revelou que recebeu um diagnóstico de câncer terminal em 2020, com uma expectativa de vida de dois a três anos.
A doença foi inicialmente identificada em 2015, quando tumores foram removidos de seu rim. No entanto, novos tumores surgiram em 2020, atingindo o fígado e outras regiões.
O que é considerado um "câncer terminal"?
A definição de "terminal" no contexto do câncer é "muito vaga". É o que avalia o oncologista clínico e membro do Comitê de Cuidados Paliativos e Suporte, Ricardo Caponero.
"O câncer pode aparecer em lugares diferentes no processo que chamamos de metastatização (quando se espalha pelo corpo). Esses focos distantes, metástases, podem estar presentes já no diagnóstico inicial ou em qualquer tempo após o diagnóstico. Além disso, podem surgir em um período que vai de semanas a anos e, eventualmente, décadas", explica o especialista.
Caponero ressalta que a definição de "cura" do câncer também é imprecisa.
"Pela lógica, um câncer classificado como "terminal" não seria curável. Se houvesse possibilidade de cura, ele não deveria ser rotulado como terminal, mas no fim das contas acaba gerando uma confusão de definições na hora do prognóstico", pontua.
Por que a recidiva (volta) do câncer acontece?
O termo recidiva é usado pela literatura médica para definir o retorno de uma doença. No caso do câncer, ainda que em um primeiro momento ocorra a remissão completa, ele pode retornar quando pequenas áreas tumorais ficam no corpo, as "micro metástases", que não são detectáveis em exames de imagem, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
"Mesmo com o tratamento que tinha intenção de curar o câncer, ele pode voltar", ressalta Clarissa Baldotto, oncologista clínica e membro do Comitê de Tumores do Sistema Nervoso Central da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
De acordo com a SBCO, o retorno da doença pode acontecer no mesmo local onde foi diagnosticado inicialmente (recidiva local) ou em outras regiões do corpo, podendo ser uma área próxima a do diagnóstico inicial (regional) ou em outra parte do corpo, geralmente distante de onde ocorreu pela primeira vez (metastática distante ou à distância).
Por exemplo, seria o caso de um paciente inicialmente com câncer de mama, mas que na recidiva desenvolve a doença nos ossos.
Geralmente, segundo Clarissa, a recidiva é detectada em consultas de retorno, que devem ser realizadas de três em três meses no início, depois o tempo vai aumentando. Nessas consultas, os médicos costumam indicar exames como tomografia e pet-scan.