Diabetes gestacional: condição atinge mulheres grávidas que não sejam diabéticas; entenda riscos
Considerada uma das principais complicações da gestação, a doença tem aumentado muito nos últimos anos
Brazil Health
Diabetes gestacional é definida como uma condição em que há uma intolerância ao carboidrato desenvolvida durante a gestação, de acordo com o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia.
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Ela é considerada uma das principais complicações da gestação, e a ocorrência dessa patologia tem aumentado muito nos últimos anos, provavelmente devido ao aumento da idade materna, à crescente obesidade e às mudanças no rastreamento diagnóstico.
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Prevenção
Para o feto, o diabetes gestacional pode causar crescimento fetal excessivo (macrossomia), o que aumenta o risco de parto prematuro, lesões durante o parto e, em casos mais graves, a morte fetal. Além disso, o bebê pode nascer com níveis elevados de glicose no sangue, o que pode levar à hipoglicemia neonatal e o torna mais predisposto ao desenvolvimento de obesidade e diabetes tipo 2 na vida adulta.
A prevenção e o manejo adequado do diabetes gestacional, realizados durante o pré-natal, são, portanto, essenciais para reduzir os riscos associados a essa condição no Brasil e no mundo.
Fatores de risco
Diabetes é essencialmente o aumento das taxas de glicose na corrente sanguínea materna, levando a uma consequente elevação da glicose também na circulação fetal.
Os principais fatores de risco são:
● Diabetes gestacional em gestação anterior;
● Histórico familiar de diabetes, especialmente em parentes de primeiro grau;
● Síndrome do ovário policístico;
● Idade materna acima de 35 anos;
● IMC maior que 30 (obesidade);
● Parto anterior com bebê maior que 4 kg.
Para mulheres com fatores de risco, principalmente aquelas que já tiveram diabetes gestacional ou obesidade, devem ser oferecidas intervenções com o objetivo de diminuir a resistência à insulina. Deve-se estimular a modificação da dieta, incentivar a atividade física e promover a cessação do tabagismo.
Diagnóstico
O rastreamento para esta doença se inicia na coleta da glicemia de jejum, realizada no primeiro exame de sangue da gestante. De acordo com o Manual de Rastreamento de Diabetes do Ministério da Saúde, considera-se que o teste com melhor sensibilidade e especificidade para o diagnóstico é a curva glicêmica. Realizado entre 24 e 28 semanas de gestação, neste exame é colhida a glicemia de jejum; na sequência, a gestante ingere um líquido com uma quantidade exata de açúcar (75 gramas) e, novamente, a glicemia é dosada após 1 e 2 horas. O exame é considerado alterado quando o valor está superior ao de referência em qualquer uma das três medidas.
Após o diagnóstico, é prescrita uma dieta com controle de açúcares, privilegiando carboidratos integrais e de baixo índice glicêmico.
Tratamento e controle
A gestante, então, segue acompanhando seus índices de glicose em casa. Este monitoramento pode ser realizado de forma intermitente ou contínua, com o auxílio de um sensor que se conecta ao braço da paciente. Entre 60% e 70% das gestantes conseguirão o controle glicêmico com dieta e atividade física. Eventualmente, pode ser necessário tratamento com insulinoterapia.
O diabetes gestacional não tratado ou mal controlado pode resultar em uma série de complicações para a mãe e para o bebê. As complicações maternas incluem maior risco de hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, parto cesáreo e complicações no pós-parto, como hemorragias.
* Ana Horovitz é ginecologista inscrita pelo CRM 111739