Covid longa: chances podem aumentar se você for contaminado mais de uma vez, revela estudo
Indivíduos não vacinados e mulheres têm mais possibilidade de apresentarem sintomas; entenda
Wagner Lauria Jr.
As chances de ter covid longa podem aumentar caso a pessoa tenha sido contaminado mais de uma vez pela Covid-19. É o que aponta um estudo da Universidade de Stony Brook, nos EUA.
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A pesquisa identificou 475 pacientes com sequelas da condição, que vão de fadiga e névoa mental a problemas respiratórios e gastrointestinais (veja mais detalhes abaixo), e revelou que quase 85% deles tiveram múltiplas infecções por Covid-19 entre março de 2020 e fevereiro de 2024.
Outra descoberta do levantamento é que os pacientes que foram vacinados antes de se infectarem têm menor probabilidade de terem covid longa. A vacina reduz esse risco mesmo para aqueles indivíduos que foram vacinados após a infecção.
“É por isso que nosso estudo e os futuros são tão importantes. Identificar fatores de risco específicos, como reinfecção ou falta de vacinação, pode ajudar a entender e gerenciar melhor a condição”, ressalta Benjamin Luft, diretor do programa que monitora os pacientes (Stony Brook WTC Health and Wellness Program).
Covid longa em mulheres
Um estudo publicado na Jama Network, na quarta-feira (22), mostrou que mulheres de 40 a 55 anos, que ainda não passaram pela menopausa, têm maior predisposição a terem covid longa do que os homens dessa faixa-etária. Além disso, a gravidez pode aumentar os riscos em certos casos.
O motivo é o hormônio feminino estradiol, que tem um papel central no processo da covid longa, enquanto a testosterona, nos homens, possui ação contrária. O estudo analisou dados de 12.276 mulheres e homens inscritos no banco de dados Recorv-Adult, nos EUA, entre outubro de 2021 e julho de 2024.
O que é covid longa?
A pesquisadora em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Portela define a covid longa como os sintomas experimentados a partir de quatro semanas depois de se recuperarem dos estágios iniciais da infecção. É o mesmo critério adotado pelo Ministério da Saúde.
"A Covid-19 mudou a vida de algumas pessoas. Uma pessoa entrevistada pela pesquisa relatou que antes fazia duas faxinas por dia e agora não consegue mais pegar o ônibus para ir trabalhar pela fadiga", disse.
O diagnóstico de COVID longa foi feito seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde, com base na persistência ou no desenvolvimento de novos sintomas após três meses da infecção inicial e que não tenham outra explicação médica.
Sintomas
Portela, que está coordenando um estudo com 651 pacientes de Covid-19 que foram hospitalizados no Rio de Janeiro, elencou seis sintomas principais, dentre os 30 pesquisados pela equipe. Ela ressalta que, nos questionários aplicados durante a pesquisa, algumas pessoas relataram que sintomas já existentes pioraram e outros passaram a existir após a covid.
- Fadiga;
- Mal-estar após esforço;
- Dor nas juntas;
- Comprometimento cognitivo -problemas de memória e concentração (chamados de “névoa mental”);
- Ansiedade;
- Sensação de formigamento nos braços e pernas.
A pesquisadora disse que alguns pacientes também relataram disfunção erétil e mudanças no ciclo menstrual, mesmo que esses pontos não estivessem listados no questionário. A Biblioteca Virtual de Saúde da Fiocruz também levanta outros sintomas:
- Falta de ar ou dificuldade para respirar;
- Tosse persistente;
- Dor no peito;
- Palpitações no coração;
- Dificuldades na fala;
- Tontura ao se levantar;
- Depressão;
- Diarreia;
- Dor no estômago;
- Problemas do sono.
*Com informações do Futurity