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Saúde

Como deve ser o tratamento da obesidade na terceira idade?

Cada vez mais comum entre os idosos, cuidados exigem estratégias específicas para preservar autonomia e qualidade de vida; entenda

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Obesidade entre os idosos deve ter tratamento específico; entenda | Unsplash
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A obesidade, historicamente vista como um problema das fases mais ativas da vida, deixou de ser uma exceção entre idosos para se tornar uma tendência preocupante e crescente não somente no Brasil, mas em diversas partes do mundo.

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Atualmente, aproximadamente 31% da população brasileira vive com obesidade, conforme dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025. E cerca de 68% da população apresenta excesso de peso, sendo 37% com sobrepeso.

Estudos indicam que, até 2044, 48% dos adultos brasileiros estarão obesos e 27% estarão com sobrepeso, totalizando 75% da população adulta com excesso de peso.

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O aumento expressivo no número de atendimentos reflete não apenas um problema de saúde pública, mas também uma maior conscientização e busca por cuidados adequados pelos profissionais da saúde.

Dados recentes apontam um aumento expressivo nos atendimentos geriátricos relacionados ao sobrepeso e suas comorbidades, como hipertensão, diabetes tipo 2, artrose e síndromes metabólicas. O que antes era considerado exceção, hoje é realidade cada vez mais presente nos consultórios e serviços de saúde.

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A obesidade deverá gerar ao Brasil um impacto econômico de mais de US$ 75 bilhões até 2035 – US$ 19 bilhões apenas com assistência médica em saúde. Enfrentar o sobrepeso nessa faixa etária exige olhar para questões fisiológicas próprias do envelhecimento. A obesidade em idosos pode levar à perda de autonomia funcional, aumento do risco de quedas e fraturas, além de comprometimento da qualidade de vida.

Esse fenômeno não apenas acende um alerta sobre os desafios da saúde pública no envelhecimento populacional, mas também revela uma nova oportunidade: promover um cuidado mais integrado, humanizado e centrado na prevenção e no bem-estar do idoso, além de criar estratégias seguras que envolvam alimentação balanceada, atividade física supervisionada e acompanhamento profissional.

Lidar com a obesidade em pessoas acima dos 60 anos requer sensibilidade e conhecimento específico. O envelhecimento traz alterações metabólicas naturais, perda de massa muscular (sarcopenia), mudanças na composição corporal e menor gasto energético basal. Além disso, questões como mobilidade reduzida, uso de múltiplos medicamentos e alterações no apetite complicam ainda mais o cenário.

Portanto, estratégias eficazes de manejo do peso nessa fase da vida não podem ser meras adaptações de protocolos voltados a adultos jovens. Elas devem considerar a complexidade da fisiologia do envelhecimento, respeitando os limites e as necessidades de cada paciente.

Abordagem multidisciplinar e individualizada

O enfrentamento da obesidade na terceira idade exige uma abordagem multidisciplinar, que reúna profissionais de diversas áreas — como geriatria, nutrição, educação física, fisioterapia, psicologia e enfermagem — em um plano terapêutico centrado no idoso e individualizado para cada perfil de idoso atendido, seja ele robusto, pré-frágil ou frágil.

Planos alimentares devem ser individualizados, garantindo não apenas restrição calórica segura, mas também aporte adequado de proteínas, vitaminas e minerais. O exercício físico, por sua vez, precisa ser supervisionado e adaptado às capacidades do idoso, priorizando equilíbrio, força muscular e flexibilidade. A atividade física, quando bem conduzida, tem se mostrado uma das intervenções mais eficazes não apenas para a redução do peso corporal, mas para a preservação da massa muscular, da mobilidade e da saúde mental.

Outro componente essencial é o acompanhamento psicológico. Questões emocionais como luto, isolamento social e depressão são fatores de risco importantes para o ganho de peso e precisam ser abordados como parte do cuidado integral.

Prevenção e políticas públicas

Mais do que tratar os efeitos da obesidade, é preciso cultivar uma cultura de prevenção, com políticas públicas que incentivem o envelhecimento ativo e saudável. Campanhas de conscientização, programas de saúde preventiva e suporte comunitário são pilares fundamentais para garantir mais anos de vida com qualidade.

Cuidar para transformar a realidade

A obesidade entre os idosos é um reflexo das mudanças sociais, culturais e comportamentais das últimas décadas. Reconhecer essa realidade é o primeiro passo para transformá-la. Com olhar sensível e cuidado integrado, é possível não apenas controlar o peso, mas resgatar autonomia, autoestima e bem-estar na terceira idade. Essas respostas refletem um avanço importante na maneira como enxergamos o envelhecimento: não mais como um processo exclusivamente de perdas, mas como uma oportunidade de cuidado ativo, baseado em ciência, empatia e respeito à individualidade de cada idoso.

*Julianne Pessequillo é geriatria e clínica médica – longevidade saudável credenciada pelo CRM 160.834 | RQE 71.895

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