Dentista é preso em flagrante por violentar paciente sedada em SP
Cabeleireira denuncia ter sido atacada durante cirurgia de extração do siso após ser sedada em consultório odontológico em Jundiaí
Fabíola Corrêa
Virgínia do Nascimento Cruz precisava extrair o dente do siso. Para o procedimento, foi sedada. Sozinha e vulnerável na cadeira do cirurgião-dentista, ela relata que foi violentada sexualmente.
Desnorteada, conseguiu pedir ajuda e buscar justiça. Agora, fala publicamente sobre o trauma para encorajar outras possíveis vítimas que não tiveram a mesma força. O acusado, segundo Virgínia, passou confiança com um atendimento considerado humanizado.
No dia da cirurgia, a cabeleireira chegou acompanhada do ex-marido e do filho de 10 anos. Eles não puderam entrar no consultório. Virgínia lembra que o dentista explicou que a sedaria e que, ao despertar, poderia ficar confusa e falar coisas desconexas.
Quando começou a recobrar a consciência, percebeu que algo estava errado. “Ele começou a limpar muito minha blusa”, contou. Ainda sob efeito da medicação, tentou se defender e questionar o que havia acontecido.
Cambaleando, derrubando equipamentos e batendo pelas paredes, conseguiu chegar até a recepção, onde estavam o filho e o pai da criança. Relatou o abuso e acionou a polícia.
A blusa usada pela cabeleireira foi encaminhada para perícia, que constatou a presença de sêmen. Virgínia também passou por exame de corpo de delito.
A clínica em que o dentista atendia, localizada no centro de Jundiaí (SP) afirmou que ele não era funcionário, mas apenas alugava uma sala. O proprietário, Richard Ienne, disse que sempre recebeu elogios sobre o trabalho do dentista e informou que está reavaliando os processos internos para evitar novas ocorrências.
O dentista foi preso em flagrante por estupro de vulnerável. Emocionada, Virgínia questionou: “Será que ele não tem mãe, mulher na família, para fazer isso comigo?”.
Em nota, o Conselho Regional de Odontologia informou que não havia denúncias anteriores contra o profissional, mas que enviou ofício à Polícia Civil. Caso o crime seja confirmado, será instaurado inquérito ético-profissional.
Virgínia pede que o acusado permaneça preso. “Quero que ele pague e que não saia da cadeia, porque, se sair, fará de novo com outras mulheres”, disse.