Casos de "pneumonia silenciosa" aumentam em São Paulo: como identificar a doença?
Doença é causada por outra bactéria menos comum, a Mycoplasma pneumoniae, identificada em surtos na China, EUA e em países da Europa
Aumentaram os casos de "pneumonia silenciosa" em São Paulo, tanto na capital, quanto em algumas cidades do interior do estado, sobretudo em crianças. Apenas em um hospital municipal infantil da capital paulista, houve 36% de aumento no número de atendimentos até junho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Como identificar a doença? Ela tem sintomas?
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O pneumologista do Hospital Sírio Libanês, André Nathan, ressalta que "pneumonia silenciosa" não é um termo técnico utilizado na literatura médica, mas, de fato, a doença é causada por "germes atípicos", que causam menos sintomas do que a pneumonia clássica.
"O pneumococo é agente causador mais comum da pneumonia. E a "pneumonia silenciosa" é aquela causada por germes atípicos, já que a coloração deles vista por laboratórios, é diferente. O principal deles é o Mycoplasma pneumoniae", explica o especialista.
Nathan ressalta que os sintomas não incluem, por exemplo, febre alta e tosse com secreção, característicos da pneumonia clássica. E o aumento de casos em São Paulo foi causado justamente pelo Mycoplasma pneumoniae. Sua transmissão se dá pelas vias aéreas, ou seja, quando se tem contato com alguém contaminado.
"Em idade escolar, as crianças ficam mais juntas em um ambiente, o que acaba facilitando a transmissão", ressalta.
A mesma bactéria também foi identificada em surtos na China, EUA e em alguns países da Europa. Por ter sintomas mais leves do que a pneumonia clássica, os pais podem demorar mais para buscar atendimento e o quadro pode se agravar com o tempo.
Por isso, o especialista alerta que ainda que os sintomas sejam menos agressivos, como tosse seca e sem febre, é necessário procurar ajuda especializada para o diagnóstico "se os sintomas persistirem por pelo menos uma semana", alerta Nathan. O diagnóstico inclui o histórico do paciente, Raio-x de tórax e, em alguns casos, o exame de PCR (utilizado também para diagnosticar a Covid-19), além de sorologia IGg e IGm.
O tratamento é feito com antibióticos, como Claritromicina e Azitromicina, já que o agente causador da doença também é bacteriano.
Quais são os tipos mais comuns de pneumonia?
A pneumonia é uma inflamação ou infecção dos pulmões. É mais comum a doença viral ou bacteriana, mas em alguns casos também pode ser fúngica, com o histoplasma e o aspergilus, segundo Nathan. A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) afirma que a contaminação pode ser pelo ar, saliva, transfusão de sangue ou mudanças bruscas de temperatura, que comprometem o funcionamento dos pelos do nariz responsáveis pela filtragem do ar aspirado, o que acarreta em uma maior exposição aos micro-organismos causadores da doença.
No caso da doença bacteriana o principal agente infeccioso é o pneumococo. Há vacina pneumocócica para prevenção desses casos, que também previne meningite e otites, e os imunizantes contra a Covid-19 e a Influenza.
Quando for viral, pode ser a Covid-19, Influenza (Gripe), dentre outros vírus.
Fatores de risco
Para Nathan, há fatores de risco sociais, como poluição e a condição socioeconômica da população, além dos individuais, como tabagismo, diabetes, câncer e pessoas imunosuprimidas..
Como é feito o diagnóstico?
Além do histórico de sintomas, o diagnóstico é feito por raio-x ou tomografia de tórax, exame físico, além de exames laboratoriais para identificar o agente etiológico: bactérias, vírus ou fungos que estejam causando a infecção.
Sintomas como aumento significativo da frequência respiratória, falta de ar e dor no peito podem necessitar de internação.
Como é o tratamento da doença?
É importante manter a hidratação e administração de antibióticos, se ela for bacteriana. Nos casos virais, apenas o tratamento de suporte, ou seja, atuando no alívio dos sintomas. No caso dos fungos, é necessário os medicamentos antifúgicos.