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Saúde

Barriga solidária: conheça desafios e cuidados para a gestação por substituição

Permitida no Brasil com regras específicas, alternativa transforma sonho da parentalidade em realidade por meio da confiança; entenda

Imagem da noticia Barriga solidária: conheça desafios e cuidados para a gestação por substituição
Gravidez por barriga solidária é uma opção | Freepik
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Para muitos casais que enfrentam a infertilidade, realizar o sonho da parentalidade exige caminhos alternativos. Uma das opções mais emocionantes, e também desafiadoras, é a chamada barriga solidária, ou gestação por substituição, um processo que vem ganhando visibilidade e quebrando tabus no Brasil.

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Nem toda mulher consegue gerar o próprio filho no útero. Seja por problemas de saúde, ausência de útero, histórico de abortos recorrentes ou por ser um casal homoafetivo masculino, muitas famílias encontram na barriga solidária uma chance real de realizar o sonho da parentalidade.

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A barriga solidária acontece quando uma mulher, por um gesto de generosidade e afeto, aceita gestar um bebê para outra pessoa ou casal que não pode engravidar. No Brasil, essa prática é permitida, mas com regras claras. A legislação, regulada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), determina que a gestante deve ter grau de parentesco até o quarto grau com os futuros pais, o que inclui mãe, irmãs, tias ou primas. Exceções só são aceitas com autorização específica do Conselho Regional de Medicina.

Além disso, a remuneração é proibida. A futura gestante pode receber apenas a cobertura das despesas médicas, exames e cuidados de saúde relacionados à gravidez.

Mais que um contrato: uma escolha de confiança

Escolher quem será a barriga solidária é um dos momentos mais delicados da jornada. Não basta que a candidata tenha boa saúde física. Aspectos emocionais e psicológicos são igualmente fundamentais. Essa decisão envolve confiança mútua e um alinhamento muito claro de expectativas. Por isso, todas as partes passam por avaliações médicas e psicológicas antes do início do processo.

Além do critério de parentesco, é fundamental que a mulher que irá gestar:

  • Tenha boa saúde física e emocional;
  • Já tenha tido pelo menos uma gestação anterior, com parto bem-sucedido;
  • Esteja totalmente confortável com a ideia de viver essa experiência.

Entre os pontos mais discutidos durante essa etapa estão:

  • Como será a convivência durante a gestação?
  • Qual o nível de participação dos futuros pais nas consultas e exames?
  • Quem decide sobre parto, alimentação e outros cuidados durante a gravidez?

Ter essas conversas desde o início ajuda a evitar conflitos futuros, pois, mesmo com todo o planejamento, a convivência entre gestante e futuros pais pode trazer momentos delicados. É comum que os futuros pais queiram acompanhar cada detalhe da gravidez. Do outro lado, a gestante pode enfrentar dúvidas, inseguranças e até alterações de humor típicas do período. Por isso, o acompanhamento psicológico durante todo o processo é altamente recomendado. Por mais planejado que seja, o caminho não é livre de desafios. Durante a gestação, emoções afloram: ansiedade dos futuros pais, medo da gestante e dúvidas sobre o futuro.

Outro tema que costuma gerar debate é a forma como a gestante será envolvida no parto e nos primeiros momentos após o nascimento. Definir previamente como será essa transição é essencial para garantir um final feliz para todos.

Como resolver conflitos?

Os especialistas indicam três pilares para minimizar conflitos:

  • Diálogo aberto e constante;
  • Acompanhamento profissional multidisciplinar;
  • Registro por escrito de todas as decisões importantes antes do início da gestação

Quanto mais transparente for o processo desde o início, menores as chances de mal-entendidos. Não deixar os sentimentos acumular é importante, assim como lembrar o motivo que uniu todos naquele projeto de vida: o desejo de trazer um bebê ao mundo com amor e segurança.

Uma história de amor e generosidade

Ao final de nove meses de emoções, o que fica é uma história para contar por toda a vida. Um bebê desejado, esperado e recebido com o carinho de quem doou tempo, corpo e afeto para transformar um sonho em realidade.

A barriga solidária é um gesto que vai além da medicina: é a materialização de um sonho feito por muitas mãos e corações. É um ato de amor em sua forma mais pura e generosa.

*Maria Cecília Erthal é médica especialista em Reprodução Assistida e membro da Brazil Health (CRM 408660 RJ – RQE 30301)

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