Artrose: desmistificando tratamentos e revelando o que realmente funciona
Descubra quais terapias para artrose realmente oferecem alívio e quais não têm respaldo científico, segundo as recomendações médicas mais atuais

Brazil Health
A artrose, também conhecida como osteoartrite, afeta milhões de brasileiros e é uma das principais causas de dor e incapacidade articular no mundo. Caracterizada pela perda da cartilagem que reveste as extremidades dos ossos, essa condição pode transformar atividades simples como caminhar, subir escadas ou segurar objetos em verdadeiros desafios diários.
Em meio a tantas informações disponíveis, muitas vezes contraditórias, é comum se sentir perdido em algum lugar entre promessas milagrosas e tratamentos que parecem não funcionar. Abaixo, veja o que a ciência realmente comprova sobre o controle e tratamento da artrose, desde a real eficácia dos suplementos populares até as mais modernas técnicas cirúrgicas, sempre com base em evidências científicas sólidas.
+ Como a fisioterapia pode evitar complicações após uma fratura?
O que é artrose
A artrose é uma doença crônica e progressiva que vai muito além do simples “desgaste natural” das articulações. Ela envolve a degeneração da cartilagem articular, o tecido que funciona como verdadeiro amortecedor entre os ossos. Quando essa cartilagem se deteriora, há ativação de processos que culminam em certo grau de inflamação (daí o termo mais atual: osteoartrite), gerando dor, inflamação e limitação de movimento.
As causas são multifatoriais, incluindo fatores genéticos, idade, obesidade, lesões anteriores e estresse repetitivo sobre as articulações. Os sintomas mais comuns incluem dor que piora com o movimento e melhora com o repouso, frequentemente acompanhada de rigidez matinal ou dificuldade para iniciar movimentos (como levantar-se da cadeira após algumas horas sentado), inchaço, crepitação (rangidos) e perda de flexibilidade.
Suplementos e tratamentos: o que realmente funciona?
Suplementos como glucosamina, condroitina e colágeno tipo II são amplamente divulgados como auxiliares no tratamento da artrose. No entanto, a maioria das pesquisas robustas, incluindo ensaios clínicos randomizados e meta-análises, não encontrou evidências científicas consistentes de que esses suplementos sejam capazes de regenerar a cartilagem ou proporcionar alívio da dor clinicamente relevante.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia e outras entidades médicas internacionais não recomendam o uso rotineiro desses suplementos devido à falta de comprovação científica robusta. A decisão de usar qualquer suplemento deve ser sempre discutida com o médico.
Os tratamentos conservadores formam a base do manejo da artrose e são amplamente recomendados pela comunidade médica:
- Fisioterapia e exercícios: São pilares fundamentais que fortalecem os músculos, melhoram a flexibilidade e reduzem a carga sobre a cartilagem. Atividades de baixo impacto, como natação e caminhada, são recomendadas.
- Controle de peso: A perda de peso reduz significativamente o estresse sobre as articulações, aliviando a dor.
- Medicações: Analgésicos e anti-inflamatórios são utilizados para controlar dor e inflamação, sempre sob orientação médica.
- Infiltrações: Em situações específicas, podem ser indicadas infiltrações com corticosteroides ou ácido hialurônico.
+ Cirurgia bariátrica mostra bons resultados no tratamento de diabetes tipo 2
Abordagem cirúrgica e sinais de alerta
A artroscopia é um procedimento minimamente invasivo indicado para situações específicas, como a remoção de fragmentos ou limpeza articular. É importante entender que ela não cura a artrose nem regenera a cartilagem, sendo uma alternativa para problemas pontuais.
A cirurgia robótica representa um avanço nas artroplastias (cirurgias de prótese). O robô é uma ferramenta de alta precisão controlada pelo cirurgião, que cria mapas tridimensionais da articulação para um planejamento cirúrgico milimétrico. Os benefícios incluem maior precisão no posicionamento da prótese, menor trauma aos tecidos e personalização do procedimento.
A artroplastia é indicada quando a artrose atinge estágio avançado com dor insuportável que não responde a tratamentos conservadores. Os critérios incluem dor severa persistente, limitação funcional importante e evidências em exames de imagem de artrose avançada. Quando bem indicada e realizada por profissionais experientes, o procedimento costuma ser bem-sucedido, proporcionando alívio expressivo da dor e restauração da função.
Reconhecer os primeiros sinais da artrose é fundamental para um tratamento mais eficaz:
- Dor persistente nas articulações que piora com o movimento;
- Rigidez matinal ou após períodos de inatividade;
- Inchaço e sensibilidade articular;
- Crepitação (rangidos) ao movimentar a articulação;
- Perda progressiva de movimento;
- Dificuldade em atividades do dia a dia.
A artrose é uma condição complexa, mas seu controle não precisa ser um mistério. A ciência oferece caminhos claros e eficazes, desde tratamentos conservadores baseados em evidências até intervenções cirúrgicas avançadas. O mais importante é buscar avaliação médica especializada. Um reumatologista pode diagnosticar corretamente a artrose e elaborar um plano de tratamento personalizado. Com a abordagem adequada, é possível controlar os sintomas e manter uma vida ativa e plena.
*Thaysa Simões Paixão Passalini é reumatologista com doutorado pela FMUSP e membro da Brazil Health (CRM/SP 158673 | RQE 73976)