Aborto de repetição: quais são as causas da interrupção involuntária da gravidez?
Estima-se que de 10% a 15% das gestações evoluam para uma perda espontânea – e as as razões são diversas; entenda

Brazil Health
A perda de um bebê durante a gestação é muito difícil e gera uma dor profunda. Esses casais frequentemente enfrentam o conflito entre o desejo de ter um filho e o medo de que a perda se repita.
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Estima-se que cerca de 10% a 15% das gestações evoluam para uma perda espontânea, e as causas são muitas, incluindo desde alterações no desenvolvimento do embrião e causas genéticas até algumas doenças maternas. Considera-se abortamento sempre que a perda ocorre até 20 a 22 semanas de gestação, ou seja, nos primeiros meses.
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O abortamento de repetição é quando a perda ocorre em duas ou mais gestações consecutivas. Estima-se que cerca de 1% a 2% dos casais passem por essa situação, segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM).
É possível identificar a causa e evitar nova perda?
Em alguns casos, não é possível identificar a causa, mas é importante que o casal realize exames antes de uma nova gestação e que a gestante seja acompanhada de perto por um especialista sempre que engravidar.
Quando viável, recomenda-se que seja feita a análise genética do material da gestação que foi interrompida. Dessa forma, pode-se identificar se a causa foi genética e guiar a conduta nas próximas gestações.
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Algumas causas endocrinológicas maternas, como diabetes, hipotireoidismo e hiperprolactinemia, podem ser diagnosticadas com exames de sangue e devem ser sempre corrigidas através de tratamentos clínicos antes de uma nova gestação.
Em algumas situações, pode haver uma anormalidade uterina, ou seja, uma alteração anatômica ou a presença de um pólipo ou mioma que interfira na cavidade uterina, distorcendo o local onde o embrião deve se implantar e se desenvolver. O diagnóstico é feito por exames de imagem, e o tratamento cirúrgico corrige o problema em quase 100% dos casos.
Com uma frequência menor, algumas mulheres podem apresentar uma doença autoimune, como o lúpus, por exemplo, o que significa que o sistema de defesa interfere no desenvolvimento da gestação, causando o abortamento. Nessas situações, é importante realizar exames específicos e planejar a nova gestação, sabendo que será necessária a utilização de medicamentos indicados e controlados pelo obstetra durante o pré-natal.
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Já as causas genéticas estão entre os principais motivos das perdas gestacionais precoces; estima-se que sejam responsáveis por mais de 50% dos abortamentos, aumentando essa frequência com a idade materna.
Elas podem ser decorrentes de alterações cromossômicas maternas ou paternas, identificadas por meio de exame genético dos pais. No entanto, o mais frequente é que os pais não apresentem alterações genéticas, mas o embrião se forme com anomalias que impeçam seu desenvolvimento, levando ao aborto.
Quando há suspeita ou confirmação da causa genética das perdas, a reprodução assistida através da fertilização in vitro (FIV) é indicada, pois permite a realização do estudo genético pré-implantacional, que identifica os embriões com alterações genéticas e seleciona os saudáveis para transferência para o útero. Essa avaliação pré-implantacional não exclui todas as causas genéticas de abortamento, mas auxilia na redução das chances de uma nova perda.
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É importante ressaltar que o histórico de abortamentos de repetição, apesar de angustiante, não reflete a impossibilidade de uma gestação saudável. Com a realização de um atendimento pré-concepcional e um acompanhamento adequado, é possível identificar e corrigir os potenciais riscos para a futura gestação.
* Fabia Vilarino é ginecologista especialista em Reprodução Humana e Cirurgia Ginecológica Endoscópica credenciada pelo CRM 105.234 – RQE: 72263/722631/722632