Obesidade de jovens no Brasil quase dobra entre 2022 e 2023
Em apenas um ano, índice foi de 9% a quase 17% entre pessoas de 18 a 24 anos. Pandemia intensificou reações
Marco Pagetti
A obesidade entre jovens brasileiros de 18 a 24 anos aumentou em 90% entre 2022 e 2023. A pandemia agravou a situação, acompanhada de crises de ansiedade e quadros depressivos geralmente descontados na comida.
O estudo foi feito com todas as faixas etárias e entre os jovens quase dobrou, passando de 9% para cerca de 17% no período. Mais de 40% estão com excesso de peso e apenas um em cada três come frutas de maneira regular.
A obesidade é fator de risco para outras doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. O grupo jovem é impactado pelos maus hábitos alimentares e, em certa medida, por uma vida de abusos. Os jovens adultos sofrem com ansiedade (31,6%), consomem álcool de forma abusiva (32,6%) e pouco mais de um terço (36,9%) admite a prática de exercícios físicos. Por outro lado, 76,1% usam celulares ou tablets por três horas ou mais por dia.
"A gente observou que eles não dormem bem, dormem menos que o tempo recomendado. É um panorama, um estilo de vida nocivo que não vem de agora, vem provavelmente da infância e adolescência", explica Érika Aquino, especialista da Vital Strategies.
"Me desregulei": jovem hanhou 20 quilos durante a pandemia
O melhor caminho, segundo a endocrinologista e metabologista de emagrecimento Carolina Mantelli, é combinar fatores alimentares e psicológicos para manter a saúde em ordem. "Tem que dar aquele pique. A primeira coisa é a gente acreditar na gente mesmo. Então, por isso, o tratamento, o acompanhamento multidisciplinar é muito importante. Porque isso vai mexer muito com a autoestima, com a autoimagem, com preconceitos", afirma.
A estudante Giovanna Conessa lutou contra o peso por anos e, durante a pandemia de Covid-19, ganhou 20 quilos. A jovem diz que "se desregulou" e passou a não se cobrar de manter os treinos ou a alimentação no período da presença do vírus. "Comecei a descontar todas as emoções negativas da depressão, das crises de ansiedade que vinham na comida", conta.
Depois, retomando os bons hábitos, Giovana afirma que está mais confiante e disposta, emagrecendo, voltando aos estudos e empreendendo em uma confeitaria. "Eu me sinto mais leve, mais livre. Foi um processo de auto-conhecimento duro, mas conheço muito mais de mim mesma também. E hoje eu tenho a questão da minha autoestima, da minha confiança pra fazer as coisas. É assim, transformadora", comemora.