Pesquisadores criam 'viagra eletrônico' para tratar disfunção erétil; entenda
Equipamento faz uma neuroestimulação de nervo que pode ser afetado em cirurgia de próstata; técnica também pode ajudar pacientes com lesão medular
A disfunção erétil afeta pelo menos 100 milhões de homens em todo o mundo, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Hoje, o tratamento do problema, caracterizado pela dificuldade em ter ou manter a ereção do pênis durante a relação sexual, é feito com medicamentos, como Tadalafia, Citrato de Sildenafil e a Vardenafila. No entanto, casos como os de pacientes que passaram por cirurgia de próstata ou que têm lesão na medula, o remédio pode não ser eficaz.
Para esse grupo, pesquisadores vêm estudando uma alternativa: um "viagra eletrônico". O brasileiro Rodrigo Fraga faz parte da equipe e explica ao SBT News como funciona o novo tratamento.
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O equipamento ainda está em fase de testes clínicos no Brasil e na Austrália e foi usado em pacientes que fizeram prostectomia (retirada da próstata), paraplégicos e tetraplégicos, que não costumam responder bem ao tratamento medicamentoso.
Segundo pesquisador, o equipamento é implantado no assoalho pélvico do paciente por meio de uma cirurgia e fica dentro do corpo "como se fosse um marcapasso". O aparelho tem eletrodos que fazem uma neuroestimulação dos nervos na região, levando à ereção (vídeo abaixo).
O pesquisador explica que há uma diferença entre os equipamentos desenvolvidos para os pacientes que tiveram que remover a próstata e os que têm lesão medular: enquanto, no primeiro grupo, o aparelho funciona automaticamente após o implante, o segundo precisa ser ativado pelo próprio paciente por meio de controle remoto.
"Após a cirurgia de retirada de próstata, o equipamento fica sob controle do médico, geralmente um urologista, como se fosse um iPad. Ele é quem seleciona os melhores eletrodos para aquele paciente em específico, depois de fazer um escaneamento na região", explica.
Ainda de acordo com Fraga, o principal local a ser estimulado pelo equipamento é o nervo cavernoso, que possibilita o início dos eventos neurovasculares que levam à ereção. No caso de animais, como camundongo, macaco e cachorro, esse nervo é facilmente identificável, mas isso não acontece com os humanos. Por isso, segundo ele, é feito o escaneamento da estrutura, para que seja identificado "o melhor ponto" para cada paciente.
De acordo com Leonardo Seligra Lopes, urologista da Disciplina de Medicina Sexual da SBU, a cirurgia de próstata afeta a função do nervo cavernoso, além da circulação do sangue na região peniana.
Equipamento ainda está em análise
Segundo Leonardo, essa fase da pesquisa do equipamento é o momento de avaliar os possíveis dos possíveis riscos do implante para os pacientes.
"Como qualquer dispositivo que se use no corpo, ele é um 'corpo estranho'. Então as principais complicações possíveis estão relacionadas à infecção, além do risco de rejeição", explica.
De acordo com o especialista, após a cirurgia de retirada da próstata, há uma inflamação ou lesão dos nervos, e a neuroestimulação pode ajudar nisso.
"O trabalho já demonstrou bons resultados até o momento, principalmente na Austrália", avalia o urologista.
Disfunção erétil por causas psicológicas
Segundo a psicanalista Vera Cristina, não só fatores físicos, mas também psicológicos podem estar envolvidos na disfunção erétil.
"Um dos desdobramentos de a saúde mental não estar bem pode ser a disfunção erétil. Não podemos desconsiderar os aspectos psicológicos, emocionais e sentimentais envolvidos no ato sexual", ressalta.
Condições psicológicas como depressão e ansiedade também podem levar a alterações fisiológicas atreladas à disfunção erétil. "Quando há ativação do sistema nervoso simpático, o que acontece na ansiedade e no estresse crônico, a pessoa fica em alerta o tempo todo, o que é desfavorável no ato sexual", explica o psiquiatra Bruno Brandão.
Para avaliar qual o melhor tratamento para cada caso, o ideal é sempre buscar auxílio médico especializado.