"Café fake": toxina presente em marcas recolhidas pode estar associada a problemas nos rins e no fígado
Ocratoxina A é produzida por fungos que se proliferam em grãos e cereais armazenados sem o devido controle de umidade e higiene; entenda

Wagner Lauria Jr.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, nesta semana, o recolhimento imediato de produtos de três marcas de pó para preparo de bebida sabor café após a detecção de ocratoxina A, uma substância tóxica associada a doenças graves, como lesões nos rins e câncer.
Os produtos, segundo a agência, apresentavam matéria-prima imprópria para o consumo humano.
Efeitos nocivos à saúde
A ocratoxina A é uma micotoxina, pertencente aos gêneros Aspergillus e Penicillium, produzida por fungos que também se proliferam em grãos e cereais armazenados sem o devido controle de umidade e higiene, segundo a FDA (Food And Drug Administration).
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A substância é associada a danos renais e hepáticos (apesar da toxicidade nos rins ser maior, segundo toxicologistas) e com suspeita de causar câncer em animais, de acordo com artigo na Enciclopédia de Microbiologia de Alimentos. Além disso, já foi ligada a aumento do risco para o desenvolvimento de tumores no esôfago.
O que foi encontrado nos cafés?
Foram identificadas irregularidades em produtos das marcas Melissa, Pingo Preto e Oficial, todos com presença da toxina e ingredientes descritos de forma enganosa no rótulo. Segundo análises laboratoriais, os produtos continham cascas e resíduos de café descritos falsamente como "polpa" ou "café torrado e moído".
Além da contaminação química, esses itens descumpriram a legislação brasileira, que permite até 1% de impurezas naturais, como galhos e folhas, mas proíbe a adição de outros materiais ou sementes que não sejam grãos de café arábica, robusta ou canéfora.
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Em nota oficial, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) recomendou que os consumidores suspendam imediatamente o consumo dos produtos afetados e busquem seus direitos conforme o Código de Defesa do Consumidor.
Como se proteger?
- Verifique sempre a marca e procedência do café comprado;
- Desconfie de preços muito abaixo da média;
- Denuncie irregularidades aos canais da Anvisa ou do Procon;
- Exija a troca ou reembolso do produto adulterado.
Buscas por "café fake" no Google Brasil
O interesse de busca por "café fake" está em alta no Google Brasil, em comparação com os últimos 12 meses. Os dados são do Google Trends.
